Quase 22 anos após a tragédia, o caso é julgado como 'dano doloso', ou seja, dano em grande escala e produzido com intenção, por negligência ou inépcia. É um crime com uma pena estimada entre 10 e 25 anos de prisão na Argentina.
Em 10 de outubro de 1997, o voo 2553 da companhia aérea Austral que fazia o trajeto entre Posadas (nordeste) e Buenos Aires caiu na cidade uruguaia de Fray Bentos, junto à fronteira com a Argentina, perto da localidade de Gualeguaychú.
Segundo a denúncia, faltava na aeronave um alarme obrigatório que teria alertado a tripulação que o sistema de aquecimento do 'tubo Pilot' (sensores que determinam a velocidade do vento) não funcionava.
A primeira audiência, em Buenos Aires, ocorreu hoje, tendo-se dado a leitura, diante dos familiares das vítimas, do requerimento de indiciamento e foi definida a data de 9 de abril para a segunda audiência, na qual devem ter início os depoimentos de testemunhas.
O julgamento oral tinha sido adiado quatro vezes, a última há um ano.
Os réus são ex-diretores da Austral, uma companhia de voos internos e regionais que à época estava nas mãos da espanhola Iberia, e ex-membros da Força Aérea Argentina, até então a mais alta autoridade da aviação.
Austral, junto com a Aerolíneas Argentinas, havia sido comprada pela Iberia em 1990 na onda de privatizações impulsionada pelo ex-presidente Carlos Menem (1989-1999). Em 2001, ambas estavam praticamente em falência e passaram para as mãos do Grupo Marsans. Em 2008 voltaram à gestão estatal argentina.
No avião da Austral, um McDonnell Douglas DC-9-32, viajavam 69 passageiros e cinco tripulantes.
Houve um julgamento civil e uma indemnização, mas um grupo de familiares das vítimas optou por levar o caso aos tribunais penais.
Na noite da tragédia, a companhia demorou várias horas para informar os familiares das vítimas que aguardavam no Aeroparque de Buenos Aires.
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