Tinta nos Nervos nasce de uma vontade de um grupo de pessoas, ligadas às artes, ao mercado livreiro, à gestão e às artes gráficas, em ter um espaço especializado, dedicado ao desenho, que conjuga uma livraria, uma galeria de arte, um café, espaço para oficinas e lançamentos, contou à Lusa um dos fundadores do projeto, Pedro Moura.
O espaço está localizado na zona de Santos, onde já existem algumas galerias, espaços culturais e o IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação, mas onde se tem verificado também, diz Pedro Moura, um processo de gentrificação.
“Ainda assim, esperamos receber público variado, educado, com curiosidade intelectual e que procura coisas” para lá do que existe nas livrarias generalistas, explicou.
Na vertente livraria, haverá livros portugueses e estrangeiros sobre desenho, BD, artes gráficas e visuais, livro infantil e juvenil, haverá objetos, brinquedos, assessórios que potenciem a temática do projeto.
Na dimensão de galeria, a Tinta nos Nervos arranca com a exposição coletiva “Fio da Navalha”, com obras do sul-africano William Kentridge e dos artistas portugueses Pedro Proença, Ema Gaspar e José Cardoso, e que ficará patente até ao final de agosto.
Segundo Pedro Moura, estão já planeadas mais exposições individuais de autores estrangeiros e portugueses e, ocasionalmente, serão produzidas edições de tiragem curta, e específicas.
É o caso do livro “Tomai e comei”, que Pedro Proença fez em 2010 para o filho e que tem agora uma edição para a abertura do Tinta nos Nervos e para a exposição “Fio da Navalha”.
“Não seremos uma editora. Sempre associados às exposições que fazemos, podemos apostar em objetos-livros”, disse.
A intenção é que todas as vertentes da Tinta nos Nervos se interliguem e alimentem entre si.
“Isto é um risco no sentido em que é relativamente inédito este tipo de atitude, não preocupado com balizas estéticas [em relação ao desenho]. Conhecemos bem o mundo da edição, as livrarias, conhecemos bem esses negócios e vamos tê-los no mesmo espaço. Pode vir uma família inteira e ter coisas de interesse aqui”, explicou.
Na inauguração, na quinta-feira, será ainda editado o jornal da exposição, e serão projetados filmes feitos recentemente para músicas do grupo Rollana Beat, um projeto antigo do músico e ilustrador André Ruivo, que assina a identidade visual da Tinta nos Nervos.
Comentários