O primeiro número da “Revista de Marinha” coincidiu com o ano de construção do “Creoula” e do “Santa Maria”, navios de pesca bacalhoeiros, com a conclusão do Arsenal do Alfeite e do início dos Estaleiros da CUF, estaleiros que viriam a estar na base da Lisnave.
Corria o ano de 1937. Desde então, desde o dia 31 de janeiro, nos 80 anos de vida, foram publicadas mil edições da revista, número atingido na edição de novembro-dezembro e cuja celebração ocorre durante as festividades dos 700 anos da Marinha.
Ao longo da história, a “Revista de Marinha” conheceu três diretores: o jornalista Maurício de Oliveira (1937-1972), o Comandante Gabriel Lobo Fialho (1976-2008) e o Vice-Almirante Alexandre Fonseca que lidera a revista desde 2008. Entre 1972 e 1976 o jornalista João Mimoso Oliveira assumiu o papel de diretor interino.
Começou com a periodicidade mensal, foi alterando o tempo de publicação e é, atualmente, bimestral. O primeiro preço de capa foi 2$50 (vinte e cinco tostões) o que equivale hoje a 2,50 euros.
Os acionistas foram igualmente mudando ao longo dos anos. Foi pertença da Editora António Maria Pereira, Editora Marítimo Colonial, da empresa Jornal do Comércio (que sofreu uma nacionalização), que a integrou entre 1973 e 1984, altura em que a empresa-mãe faliu. O título viria a ser comprado em leilão pela Editora Náutica Nacional, entretanto constituída e que ainda hoje é “dona” da revista.
Escrever sobre o Mar. No papel, digital e nas redes sociais
A longevidade desta publicação especializada é explicada, em parte, pelo que foi inscrito no estatuto editorial do número 1 e assinado pelo editor de então, Maurício de Oliveira: “publicação abrangente, de “banda larga”, abordando os assuntos de todas as marinhas, de guerra, de comércio, de pesca e recreio”, conforme escreve no prefácio do número 1000, Alexandre Fonseca. O atual diretor destaca ainda como razões para a longevidade da revista a administração de “forma austera, espartana mesmo” por parte de Lobo Fialho, assim como o apoio dos leitores, da publicidade das empresas e dos colaboradores.
Fazendo uma retrospetiva, Alexandre Fonseca, relembrou numa cerimónia alusiva à milésima edição que decorreu no Pavilhão das Galeotas, Museu da Marinha, em Belém, Lisboa, que introduziu dois temas - “portos e atividades portuárias” e “ambiente, ciência e tecnologia” -, desde que assumiu a chefia redatorial. Adicionalmente recordou que a revista passou de “36 para 80 páginas” e que foi “aumentado número de assinantes”, sendo que hoje há “2 mil revistas em circulação”. Alexandre Fonseca, dono da Editora Náutica Nacional, assumiu ainda que manteve “a austeridade da gestão, sem funcionários administrativos e tudo feito em casa”, justificando, desta forma, a longevidade da revista que fala sobre o mar em todas as suas vertentes, revista que está patente no digital, desde 2009, e está hoje espalhada nas redes sociais.
Na edição 1000, na capa da “Revista de Marinha” destaque para uma fotografia dos ilhéus e farol das Formigas, assinada pelo fotógrafo açoriano Paulo Henrique Silva.
[Artigo atualizado às 23:23. Corrige no título e ao longo do artigo o nome da revista.]
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