As versões semi-encenadas das duas peças marcam o arranque da programação com que a autarquia pretende retomar os festivais de ópera realizados entre 2004 e 2011 e que “por causa da crise foram interrompidos por falta de verba para suportar essas grandes produções”, disse à Lusa Ricardo Ribeiro, administrador da empresa municipal Óbidos Criativa.
Seis anos depois “a retoma económica e as condições financeiras” permitiram à empresa “retomar de forma controlada essa programação”, lançando este ano um programa que integra, para além dos dois ‘intermezzos’, uma gala de ópera.
“Il Maestro di cappella”, de Domenico Cimarosa, numa coprodução do Estúdio de Ópera do Centro e da Orquestra Filarmonia das Beiras, será a primeira ópera a subir ao palco da Cerca do Castelo.
Sob direção do maestro Vassalo Lourenço, a orquestra retratará o momento em que um maestro pretende executar uma área em “estilo sublime”, mas se depara com um resultado desastroso, com cada um dos instrumentos a entrar no momento errado, estragando a música e obrigando o mestre a cantar, ele próprio, a parte de cada um.
O mestre continua a ensinar um a um, até que todos os músicos dos diferentes instrumentos aprendam a sua parte e, por fim, experimentam tocar todos juntos a música. Têm sucesso e o mestre decide que a orquestra toque uma “grande peça”, de grande efeito. Mas, questiona-se na sinopse, “será que vão conseguir?”.
Segue-se, no mesmo dia, "La Serva Padrona", de Pergolesi, com a soprano Vera Silva a interpretar a criada Serpina que se quer impor ao amo como noiva.
Recusada a criada vai ter como comparsa um criado mudo que levará o amo a aceitá-la em casamento, tomando a “máscara” de Capitão e fazendo-se passar por noivo de Serpina, a quem o patrão deverá dar um dote, ou, se o não fizer, tomá-la então para si.
A recusa do amo em pagar é o triunfo de Serpina, que, de criada, passa a patroa, como se lê na sinopse da obra, que terá lugar às 21:30, no anfiteatro de cima.
O mesmo espaço receberá, no dia 23, pela mesma hora, a Gala de Ópera, que contará com peças de Mozart, Puccini, Verdi e Rossini.
O conjunto dos três espetáculos resultou num investimento de “cerca de 15 mil euros” para a Óbidos Criativa que, “numa lógica de equilíbrio custo/benefício, disponibiliza os espetáculos a quase metade do preço anteriormente praticado nos festivais”, explicou Ricardo Ribeiro.
Assim, os ingressos para cada um dos espetáculos terão o preço de 22 euros para a plateia (cadeiras) e 18 euros para o balcão (bancada), levando a organização a estimar que a procura seja equivalente aos 450 lugares do auditório.
Se nesta edição zero se verificar uma procura semelhante à que, em anos anteriores, esgotava a bilheteira de algumas das óperas, “há ainda a possibilidade de aumentar a lotação [do espaço ao ar livre, mas coberto] para 600 lugares”, acrescentou.
A vila de Óbidos dinamizou, de 2004 a 2011, um projeto pioneiro no campo da ópera com a realização de um festival anual, sistematizando uma oferta cultural como estratégia de promoção e valorização do património e promovendo a democratização deste tipo de espetáculos, fora dos grandes centros.
À Lusa Ricardo Ribeiro adiantou ainda que “a reedição dos festivais e ópera, com o modelo e dimensão idêntica á que era praticada” vai avançar em 2018, tendo a empresa já estabelecido uma parceria de produção com a Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Em preparação estão “três óperas dedicadas a Mozart”, mas, revelou ainda o responsável pelo evento, o objetivo será que a programação do festival volte a integrar não apenas as óperas e a gala final, mas também eventos didáticos e exposições.
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