No centro de recuperação de Nyary Menteng, na província de Kalimantan, a parte indonésia da ilha de Bornéu, 16 bebés orangotangos com infecções respiratórias provocadas pelos fumos espessos estão de quarentena. Um empregado do centro tenta entreter com brinquedos os mais jovens, que têm febre e tosse. Noutra jaula, vários macacos estão caídos, esgotados pela busca, dias a fio, de água e comida na selva, arrasada pelas chamas que os forçaram a sair.
Alguns orangotangos saltam de barra em barra, na jaula, fazendo estalidos com os lábios, um som que preocupa os cuidadores. "É como um beijo rápido. Quando fazem isso, significa que estão stressados", explica à AFP o funcionário Hermansyah.
A selva da Indonésia é um santuário ecológico, servindo de habitat a inúmeras espécies em vias de extinção, que se veem assim expulsas daquilo que ainda resta dos seus territórios.
A técnica agrícola de terra queimada, utilizada para limpar e fertilizar as zonas tropicais, e os incêndios intencionais para expandir os cultivos de palmeiras destruíram em alguns meses 1,7 milhão de hectares nas ilhas de Kalimantan e Sumatra. O óleo de palma é o principal produto extraído destas plantações - intensamente usado pela indústria alimentar e a cujo boicote várias associações ambientalistas têm apelado nos últimos anos. As autoridades indonésias já fizeram algumas detenções relacionadas com os incêndios – nomeadamente, de executivos de empresas suspeitas de mandar atear incêndios.
Os fumos persistentes têm causado infecções respiratórias em dezenas de milhares de pessoas, levando ao encerramento temporário de escolas, e provocaram problemas de tráfego aéreo e protestos de países vizinhos, como a Malásia e Singapura. Há já navios de Guerra prontos para a eventual necessidade de evacuar crianças.
Os incêndios são comuns, mas foram acentuados este ano pelo fenómeno meteorológico El Niño, uma corrente quente que está a provocar mais seca que o habitual.
Com AFP.
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