“Neste percurso de literatura, este é o desafio maior que eu tive”, referiu o autor moçambicano durante a apresentação da obra, em Maputo, numa sessão em que o Presidente da República, Filipe Nyusi, foi um dos oradores.
Mia Couto disse ter ficado esgotado, mas alegre, com o último livro da trilogia “As areias do imperador”, iniciada em 2015 com “Mulheres de Cinza” e depois com “A espada e Azagaia”.
A história da terceira obra gira em torno da prisão, em 1895, de Ngugunhane, último imperador do Império de Gaza, parte de Moçambique e, na altura, bastião da resistência à presença colonial portuguesa.
“Estou a fingir que estou a falar de outras pessoas que já não estão connosco, mas estou a falar de nós próprios. Estou a mentir a dizer que estou a falar do passado, mas estou a falar do presente. É isso que me interessa e foi isso que me entusiasmou a escrever este livro”, referiu.
O livro revela as “falsas diferenças” que dividem os moçambicanos e que hoje “se colocam mais uma vez na história de Moçambique”.
Mia Couto considera que a literatura tem o poder de mostrar que as diferenças “são simplesmente superficiais ou circunstanciais”.
“Não existe uma coisa chamada brancos, negros” ou outras divisões étnicas, “são construções históricas sempre chamadas à pedra quando se trata de fabricar conflitos, fabricar ódios, de sugerir que o caminho não é o diálogo, mas o confronto”, sublinhou.
O escritor referiu que a proposta do livro passa por incentivar cada qual a conhecer melhor o próximo, uma ideia que disse estar personificada na atuação do Presidente da República, Filipe Nyusi.
Mia Couto considerou-o como “uma grande esperança de que Moçambique possa realmente encontrar um tempo seu e ser feliz”, numa alusão ao diálogo com a Renamo, principal partido da oposição, com vista à plena pacificação do país.
Filipe Nyusi subscreveu o apoio ao diálogo, defendendo que haja espaços para “conversar e encontrar soluções para tudo o que é necessário”.
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