A série "Industry" da HBO, agora na sua terceira temporada, continua a explorar o mundo das “altas finanças”, onde a ambição se entrelaça com a pressão do sucesso, sexo e drogas. Passada nos escritórios de um banco de Londres, a série expõe a caixa negra do sistema financeiro, um lugar onde os riscos são tão elevados quanto as recompensas, e onde o custo do fracasso é frequentemente devastador.
Estreada em 2020, a primeira temporada apresenta-nos um grupo de recém-licenciados que trabalham para um gigante do setor financeiro chamado Pierpoint & Co (fictício). A premissa é simples: têm seis meses para provar o seu valor na empresa antes que sejam despedidos. Esta bomba-relógio conduz os telespectadores e as personagens a um carrossel acelerado de esquemas, intimidações e traições, no qual as happy hours do pós-trabalho se misturam com cocaína e encontros estranhos. Na segunda temporada, alguns destes antigos estagiários tornaram-se empregados a tempo inteiro e vemo-los lutar por um melhor salário, estabilidade e o stress de uma profissão conhecida por ser muito competitiva e não ter muitos escrúpulos quando o tema é fazer mais dinheiro.
Agora, nos novos episódios, o Pierpoint olha para o futuro e coloca Yasmin (Marisa Abela), Robert (Harry Lawtey) e Eric (Ken Leung) a tratar da OPA da Lumi, uma empresa de energia de tecnologia sustentável liderada por Henry Muck (Kit Harington). Já Harper (Myha’la), depois de ter saído do Pierpoint, está ansiosa por voltar à emoção das finanças e encontra uma parceira improvável na gerente de portfólio da FutureDawn, Petra Koenig (Sarah Goldberg). Nesta temporada, a história vai subir até ao topo das finanças, dos media e do governo.
Ou seja, o grupo de estagiários que vimos no início está agora mais maduro e experiente (embora ainda tenha muito a aprender), mas continua a lidar com uma série de coisas que, por vezes, não têm nada a ver com o seu trabalho.
“Industry” foi uma daquelas séries que passou pelos pingos da chuva na HBO quando estreou há quatro anos, mas que vai muito além do jargão da banca de investimento e da dinâmica do “tornar os ricos ainda mais ricos”. Isto porque os criadores da série, Mickey Down e Konrad Kay, dois ex-banqueiros, construíram uma narrativa cativante que trata tanto do desgaste psicológico do caos das “altas finanças” como das consequências desse lifestyle.
Os primeiros episódios são mais “paradinhos”, embora seja tudo deliberado, porque passamos a conhecer em intimidade os protagonistas, que, com o passar das temporadas, tornam-se super interessantes, uma vez que conseguem ser arrogantes, enganadores e vulneráveis ao mesmo tempo. Em termos de comparação, a este ponto do campeonato, como nota a Decider, “Industry” parece uma mistura de “Billions” com “Succession”.
Relativamente à segunda temporada e ao que se disse lá fora na imprensa internacional, a The Atlantic classificou a série como sendo uma “obra-prima emergente”, ao passo que o AV Club considerou-a "uma das melhores séries sobre o mundo do trabalho do século XXI". Já a GQ britânica escreveu que é a “primeira grande série de televisão sobre a vida pós-pandemia”, enquanto a Vanity Fair elogiou a trama por ser “o elo perdido entre ‘Euphoria’ e ‘Succession’”.
Em suma, à medida que expande os limites do que um drama financeiro pode ser, a série não se acanha nada em meter o dedo na ferida e explorar os custos da ambição desmedida. E quer seja pelo fascínio das batalhas na sala de reuniões ou pelos diálogos sobre os investimentos de milhões, “Industry” tem o ónus de ser tão inebriadora e viciante quanto a indústria que retrata.
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