“Este ano devemos chegar às 40 adesões”, disse à Lusa António Romano, promotor da iniciativa “Eva Dream, Florir Portugal”, que em cada localidade adota uma designação própria.
O projeto, sem fins lucrativos, foi pensado em 2009, deu origem a um livro e acabou por consolidar-se no ano passado, com 24 adesões, entre as quais Cascais, Sesimbra, Setúbal, Beja, Viana do Castelo e Braga.
O município de Mafra foi dos mais entusiastas, com a participação de todas as juntas de freguesia (11). A Ericeira foi o ´ex-libris´ da iniciativa.
Caixas de fruta e pneus usados foram transformados em floreiras, incentivando também à reciclagem de materiais que habitualmente acabam no lixo.
Em declarações à Lusa, a vereadora Aldevina Rodrigues, com o pelouro do associativismo, avançou que a experiência promoveu o espírito de comunidade e vai ser repetida este ano.
“É um projeto de continuidade. Este ano vamos fazer um concurso”, disse, especificando que haverá prémios simbólicos para a melhor varanda, a melhor montra, o melhor jardim. A rua mais bonita de cada freguesia vai ser distinguida com uma placa que ostentará o título.
Em cada localidade, o projeto ganha vida própria e desenvolve-se de acordo com as especificidades locais. Mafra decidiu ligar as flores à música, evocando os concertos, os órgãos, os carrilhões, numa iniciativa designada “Ecos de Cor, Mafra em Flor”.
As instituições locais fazem o seu próprio investimento e sensibilização à população. “Acabou por ser um projeto com muito impacto”, assumiu a autarca.
A ideia é inicialmente apresentada por António Romano às instituições, que depois a desenvolvem. “Hoje em dia já são as câmaras que nos procuram para saber o que é preciso fazer para aderir”, afirmou o empresário, que lançou o movimento a título particular.
Há também uma vertente de atratividade turística e de dinamização do comércio local com a iniciativa, gerando melhores condições de habitabilidade e emprego.
“Onde há turismo não há restaurantes a fechar, pelo contrário, estão todos cheios”, observou.
Empresário ligado à área da moda e arquiteto de formação, António Romano gostava de ver no interior do país um pouco da dinâmica que o turismo está a gerar em Lisboa e no Porto.
“Vejo oportunidades para todos, para os grandes e para os pequenos”, preconizou, lembrando o estado de abandono em que se encontrava a baixa de Lisboa há alguns anos.
“É claro que não estávamos preparados para esta explosão, mas a regulamentação começa a fazer-se”, reconheceu.
Em 2018, pretende ver Lisboa e Porto aderirem ao projeto: “Lisboa com os bairros floridos e o Porto a responder - bairristas somos nós!”.
O objetivo é conseguir um avanço integrado por regiões, sensibilizando populações e autarquias. A iniciativa chegou já à Beira Baixa e à Beira Alta e prepara-se atualmente “a mobilização do Alentejo em bloco”.
No próximo ano, deverá ser abrangido “todo o Algarve”, a partir do lançamento em Faro e com o envolvimento da Universidade do Algarve, através de uma parceria, adiantou António Romano.
O conceito passa por dar o exemplo a nível institucional, plantando árvores, arbustos e flores no espaço público, disponibilizar as plantas a preço reduzido e depois convidar a população a participar nessa dinâmica.
Este ano, António Romano tenciona dedicar-se às aldeias portuguesas, por considerar que encerram “o melhor da alma portuguesa”. Será também aí que reside a capacidade de promover uma maior ligação à natureza.
“Estamos todos a afastar-nos da terra, é um dos grandes problemas que vejo na matriz da sociedade que nos leva”, lamentou, defendendo que o projeto é “uma oportunidade imensa” para projetar Portugal “nas melhores direções, em todos os sentidos”.
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