"F-Rating". Ou como combater a desigualdade de género no cinema

As mulheres continuam a ser uma minoria no grande ecrã. Para combater isso, Holly Tarquini, diretora de um festival de cinema inglês, criou uma classificação que, num primeiro momento, visa distinguir os filmes em que as mulheres tiveram um papel central. Numa segunda fase, o objetivo é que o "F-Rating" se torne "redundante", reflexo de maior igualdade na indústria.

Os sistemas de classificações dos filmes têm normalmente o objetivo de saber se são adequados, ou não, a determinados públicos. Agora, porém, surge uma nova etiqueta que permite saber quais são os filmes onde as mulheres têm importância: o "F-Rating" ("F" de "female", feminino em português).

Se olharmos para o top de 250 filmes de 2015, vemos que as mulheres foram apenas 3,6% de todos os realizadores; 4,4% de todos os escritores e 10,4% de todos os produtores. Os números são do site oficial da ideia, que tem feito um caminho pela afirmação desta causa desde 2014.

A iniciativa, que nasceu com Holly Tarquini no festival de cinema de Bath, no Reino Unido, além de destacar projetos de cinema em que as mulheres tiveram uma participação de relevo, quer chamar a atenção para o desequilíbrio de género na indústria e não só.

"A F-Rating tem a intenção de fazer as pessoas falar sobre a representação das mulheres dentro e fora do ecrã", disse Tarquini ao 'Bath Chronicle'.

Desde 2014, a etiqueta tem sido aplicada por várias salas de cinema e em festivais no Reino Unido e Irlanda. Mas com a ajuda do portal IMDb ganha agora um novo destaque.

Esta classificação já está a ser aplicada pelo Internet Movie Database, ou IMDb, uma popular base de dados de cinema, desde o início do ano. Ontem, dia 7, um evento em Londres para promover este 'selo' permitiu aumentar a distinção a mais de 21.900 títulos, que pode consultar online.

"O F-Rating é uma boa forma de destacar as mulheres nos ecrãs e atrás das câmaras", assume Col Needham, patrão da IMDb, citado pela BBC.

Holly Tarquini, a mulher por trás da ideia, acrescenta que "é entusiasmante quando novas organizações decidem juntar-se a nós e colocar os holofotes sobre o trabalho brilhante que as mulheres estão a fazer no cinema e [mostrar] o quão atrasada a indústria cinematográfica está em relação a outras indústrias no que diz respeito à oferta de oportunidades iguais para as mulheres."

"Mas o nosso real objetivo é chegar à fase em que o 'F-Rating' seja redundante porque 50% das histórias que vemos no cinema são contadas por e sobre a injustamente sub-representada metade da população: as mulheres.", disse ainda Tarquini ao 'Bath Chronicle.

Por entre os filmes que já receberam a distinção encontramos "Frozen", "Gravidade", "A Rapariga no Comboio" ou "Beleza Americana", por exemplo.

A lista completa dos filmes já marcados com o selo "F-Rating" pode ser vista aqui.