Consolidar a presença do escritor na história cultural e literária, em Portugal e no estrangeiro, e prestar homenagem à sua figura como cidadão são objetivos das comemorações, cujas “linhas gerais” foram anunciadas hoje, na Fundação José Saramago, na presença do comissário da iniciativa, o professor Carlos Reis, e da presidente da Fundação, Pilar del Rio.
A apresentação de hoje incidiu sobre as bases do programa, sem pormenores de cada atividade, como no caso das conferências coordenadas pelo bibliófilo, investigador e diretor do futuro Centro de Estudos da História da Leitura, de Lisboa, ainda sem data e sem os locais definidos; e sem a parte internacional, que acontecerá em vários países, entre os quais Espanha e Brasil, e que será divulgada no seu devido momento, como foi hoje afirmado.
A 16 de novembro próximo, dia em que o escritor que venceu o Nobel da Literatura em 1998 completaria 99 anos, 100 escolas do ensino básico promoverão a leitura, em simultâneo, do conto infantil do escritor “A Maior Flor do Mundo”, numa parceria entre a Fundação José Saramago, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura.
Um ano depois, a 16 de novembro de 2022, 100 escolas do ensino secundário promoverão a leitura, em simultâneo, de páginas de “Memorial do Convento” e de “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, de novo numa parceria entre a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura.
Entre as duas ações, correrá o ano do centenário, em que a leitura é ato constante, na diversidade de toda a programação, alvo de apelo permanente e de elogio.
A partir da leitura de textos do escritor, as escolas incentivarão igualmente representações artísticas, em diferentes suportes e linguagens, a partir de uma seleção de ilustrações para exibição no ‘website’ da Fundação, numa parceria com o Plano Nacional das Artes, que mantém a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura.
Constam também do programa leituras dramatizadas de “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, pelo Teatro Nacional S. João, com escolas associadas, leituras, debates e exposições com ampliação à Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, numa parceria entre a Fundação, a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e as bibliotecas municipais de Lisboa, e leituras abertas de textos do escritor, na Antena 2, por personalidades convidadas.
Entre as 13 leituras académicas previstas nas comemorações, destaca-se o II Colóquio de Estudos Saramaguianos, pelas universidades federais do Rio Grande do Norte e Fluminense, no Brasil, de 16 a 18 de novembro próximo, um colóquio temático a realizar na Universidade de São Paulo, a 09 e 10 de dezembro deste ano, e a VI Conferência Internacional José Saramago, da Universidade de Vigo, em Espanha, a decorrer nos próximos dias de 10 a 13 de dezembro.
“Com as vontades, cuja força aprendemos no ‘Memorial do Convento’, evocaremos o centenário de José Saramago, em vários eixos de atuação, porque a sua obra literária e o seu pensamento a isso aconselham: no eixo da biografia, no da leitura, no das publicações e no das reuniões académicas”, disse Carlos Reis.
Comum “a todos eles é o desafio de celebrarmos o legado de um escritor que, a caminho de cumprir cem anos, continua tão atual como estas palavras que ele mesmo disse: ‘Vivo desassossegado, escrevo para desassossegar'”, frisou.
Já para Pilar del Rio, o centenário de nascimento do Prémio Nobel da Literatura de 1998 permitirá que “nos recoloquemos diante de uma obra e de um modo de estar no mundo.”
“Fá-lo-emos com a sensibilidade adquirida ao longo do tempo de pandemia, quando vimos a importância deste bem essencial que é a cultura. Sem ela, sem as distintas manifestações que incorporamos, leitura, música, teatro, séries de televisão, o tempo teria sido ainda mais sombrio e a nossa capacidade de resistência teria diminuído”, referiu Pilar del Rio, sublinhando que “é a partir desta premissa que celebramos os cem anos de vida do contemporâneo que José Saramago é”.
A celebração do Centenário de José Saramago congrega entidades muito diversas, em Portugal e noutras partes do mundo. Nesse contexto, a Fundação José Saramago (FJS) assumirá um papel central, respeitando, naturalmente, a autonomia dos atores e das instituições que venham a dar contributos próprios ao Centenário, garantiu.
O programa das comemorações inclui iniciativas distribuídas por vários domínios, não sendo todas da responsabilidade direta da Fundação.
Biografia, reportando-se ao trajeto biográfico, formativo e cívico de José Saramago, em relação direta ou indireta com a sua produção literária, leitura, incluindo a leitura da obra de Saramago em escolas, bibliotecas, associações culturais, leitura projetada no debate em torno do pensamento de Saramago e leitura resultando em adaptações já existentes ou em novas criações, em exposições, no cinema, no teatro, na ópera, no bailado, nas artes plásticas, entre outras, são alguns dos eixos essencias da programação das comemorações, hoje anunciada.
Por ocasião do centenário de nascimento do escritor estão também previstas edições de José Saramago e publicações sobre a sua obra, designadamente, em vários países e idiomas, as “Conferências do Nobel”, uma fotobiografia por Ricardo Viel e Alejandro García, com fotografias e inéditos, a edição eletrónica da mostra “José Saramago: A Semente e os Frutos” e a “Agenda José Saramago para 2022”, uma edição da Imprensa Nacional, em parceria com a Fundação.
“O Emendar dos Autores. A novíssima ficção portuguesa. Estudos sobre escritores galardoados com o Prémio José Saramago”, organizado por Jorge Vicente Valentim e André Corrêa de Sá, “O Essencial sobre José Saramago”, de Carlos Reis e Sara Grünhagen, também a editar pela Imprensa Nacional, “José Saramago: “O homem mais sábio”, recolha de textos de doutrina literária e social de José Saramago, organizado de Carlos Reis, constam das publicações a editar no âmbito das comemorações.
Exposições e representações artísticas, entre as quais “Mulheres Saramaguianas: serigrafias e gravuras sobre personagens femininas de Saramago”, com textos de escritoras de língua portuguesa e espanhola e curadoria de Ana Saramago, a edição de uma moeda comemorativa do centenário de nascimento do escritor e um ciclo de cinema, com exibição de filmes adaptados ou baseados na ficção de José Saramago, pela Cinemateca Portuguesa, estão também previstos.
Espetáculos de dança, um concerto e o regresso da ópera “Blimunda”, de Azio Corghi e José Saramago, sobre “Memorial do Convento”, pela companhia do Teatro Nacional de São Carlos, assim como peças de teatro a partir de textos do escritor constam igualmente do programa das comemorações, que que hoje foram apenas apresentadas as “linhas gerais”.
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