A edição da Egoísta inclui também um poema inédito de Manuel António Pina (1943-2012), escrito para uma das filhas, no momento em que chegou aos 18 anos, “um poema sobre a liberdade e o que isso acarreta”, disse à Lusa Patrícia Reis, editora da revista.
“Tudo começa com um ‘poster’ de grande dimensão que revela o que a Assembleia da República pode ser um dia e um editorial do diretor da revista, Mário Assis Ferreira, que explana na exatidão o que a política é. Segue-se uma entrevista ao primeiro-ministro, António Costa, onde se fala sobre cultura, oposição - 'a oposição que se governe', como afirma na entrevista -, o futuro e não se refere uma única vez a palavra geringonça”, disse a escritora Patrícia Reis.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, surge através de um portfólio de João Porfírio. Na área da fotografia é recordado o funeral do Presidente cubano Fidel Castro, na primeira semana de dezembro do ano passado, pela objetiva de João Pina, e são reproduzidas imagens de momentos africanos, por Ralph Ziman.
“O mundo no internacional é visto por Paulo Portas, mas contamos ainda com as ideias de Daniel Oliveira, Ana Plácido, Adolfo Mesquita Nunes, Maria Manuel Viana, Eduardo Pitta, Michelle Obama, Rui Patrício, Ana Saragoça e João Gomes de Almeida”, referiu.
Quanto à área da ficção, este número conta com as colaborações dos escritores Dulce Maria Cardoso, Bruno Vieira Amaral, Patrícia Portela, José Luís Peixoto, Carlos Domingues, tendo Patrícia Reis destacado um conto em exclusivo para a Europa da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.
“No ensaio recomendamos os textos de Paulo José Miranda e Plínio Fraga, e a grande reportagem de memória recupera notas de 2006, por Filipe Santos Costa”, afirmou.
Num comunicado da Estoril Sol, proprietária da publicação, enviado à agência Lusa, lê-se que neste novo número dedicado ao mundo da política, “despede-se Presidentes por carta dos recursos humanos e mostram-se algumas imagens que fazem já parte da história do século XXI”.
A escolha desta temática é justificada na medida em que “a política é indissociável da nossa vida".
Mário Assis Ferreira escreve no editorial intitulado “Política e Ilusão”, que “há palavras que o tempo vai erodindo, que se desgastam no excesso de uso”.
“Na dúvida, fui ao dicionário: 'Politica – Arte ou ciência de governar um Estado, conjunto de fenómenos referentes ao Estado, ao poder, ao governo; conjunto de políticos'”.
E remata: “Afinal não estava enganado! E então olhei à volta… Vi um mundo esquartejado em interesses conflituantes; vi países divididos entre o ‘establishment’ e a rutura; vi cânones medievais a justificar carnificinas; vi milhões de refugiados em condições sub-humanas; vi a impopularidade de quem os recebe e o populismo de quem os rejeita; vi a infâmia do fundamentalismo islâmico e o inócuo antídoto de laicismos radicais; vi a decadência das economias demoliberais e a ascensão de outras, autocraticamente centralizadas; vi uma União Europeia fragmentada em nacionalismos estéreis e a sombra de um renascido poder a pairar sobre os Urais; vi o desemprego crónico, refugiado em quimeras assistenciais, camuflado em encómios às conquistas tecnológicas da robotização. Só não vi sinais da política, nem vislumbrei, em políticos, a visão regeneradora de um mundo feito em cacos que, por inépcia, eles deixaram estilhaçar…”.
A Egoísta surgiu no mercado editorial há 17 anos e conta com 77 prémios nacionais e internacionais na área do jornalismo, design, edição, criatividade e publicidade, “o que a torna uma das publicações mais premiadas de Portugal e da Europa”, remata a Estoril Sol.
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