Em comunicado, a Câmara Municipal do Cartaxo afirma que o município não tem capacidade financeira para dar o apoio que a organização do festival considerava o “mínimo necessário” para manter o evento no concelho, pelo que está a negociar uma alternativa, tendo em mãos duas propostas de festivais de música para o espaço junto ao rio Tejo, em Valada.
Luís Farinha, vereador da Câmara Municipal de Santarém com o pelouro do Turismo, confirmou à agência Lusa o acordo com a organização do Reverence para a realização do festival a 08 e 09 de setembro na vasta zona de areal junto ao Tejo entre o largo de Santa Iria e a centenária ponte D. Luís.
“Trata-se de uma iniciativa privada que o município vai apoiar por ser diferente e enquadrar-se bem na Ribeira”, uma zona da cidade com “qualidade urbanística”, mas muito “degradada”, para a qual o município quer “chamar a atenção”, até por estar a ser já alvo de interesse imobiliário, sobretudo por parte de estrangeiros.
Salientando que “houve o cuidado” de falar com o presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Magalhães Ribeiro (PS), para que não houvesse “nenhum atropelo”, o executivo liderado por Ricardo Gonçalves (PSD) viu neste festival, “único no país e dos poucos do género a nível mundial”, uma forma de “ajudar a comunicar o concelho e de chamar a atenção para a Ribeira e para os problemas do Tejo”.
Luís Farinha afirmou que a organização foi “recetiva” à ideia de associar a temática do rio ao festival e que destacou o facto de Santarém dar “escala” e permitir ao evento “crescer”.
Em entrevista ao ‘site’ Eu Gosto de Santarém, o promotor do Reverence, o britânico Nick Allport, afirmou que a Ribeira de Santarém foi “um dos primeiros lugares” pensados para o festival, que acabou por ser em Valada, por ser perto do local onde reside e por conhecer mais gente no Cartaxo.
Nick Allport realçou o facto de a Ribeira de Santarém proporcionar condições que são mais favoráveis que as existentes em Valada – como a corrente elétrica e o acesso à Internet e às redes móveis -, além de se localizar ali a estação ferroviária.
A Câmara do Cartaxo afirma no comunicado que o município não tem condições para o apoio financeiro solicitado, entre os 15.000 e os 30.000 euros, desafiando os que criticam a perda do festival a proporem e aprovarem a atribuição dessa verba.
Pedro Magalhães Ribeiro reconhece a importância do festival, trazido para o concelho já no seu mandato, mas lembra as dificuldades financeiras do município (um dos mais endividados do país) e as necessidades essenciais a que é preciso responder.
O autarca refere a projeção internacional que o festival deu ao concelho, a importância para a economia local e o “cuidado e empenho em integrar a comunidade de Valada”, mas sublinha que, desde o início, foi “muito claro” quanto ao apoio, limitado à logística, e à necessidade de o Reverence se tornar “sustentável pela capacidade de atrair pessoas e gerar interesse”.
“Desde a primeira edição do festival, pela fragilidade dos seus resultados financeiros, procurámos sempre ser parceiros da organização na busca de soluções, de patrocínios, quer junto de empresas, quer de instituições, para que o Reverence se tornasse sustentável e pudesse continuar em Valada”, afirmou.
“Ninguém lamenta mais do que eu a saída deste festival para outro concelho, mas quando há tanto investimento essencial por fazer, há que decidir sobre o que é prioritário para as pessoas”, afirmou.
Pedro Ribeiro afirma que uma das propostas que está a negociar envolve o organizador do Festival do Tejo, que antecedeu o Reverence em Valada.
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