Num texto de apresentação, a Casa da Música destaca a forma como agrega, “neste festival inédito, um conjunto de figuras que desafiaram as convenções e deram asas à criatividade musical, desde o período barroco à atualidade”.
No programa, “quase integralmente” preenchido com mulheres compositoras, o destaque vai para a estreia de duas encomendas, à portuguesa Ângela da Ponte e à britânica Rebecca Saunders, mas também para a presença de várias maestrinas e solistas convidadas.
O ciclo arranca no sábado, dia 14, com uma conferência pelas 16:00, de entrada livre, intitulada “A Mulher é o Futuro do Homem?”, com a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua e a pianista e antiga ministra da Cultura Gabriela Canavilhas.
Duas horas depois, a maestrina Joana Carneiro dirige a Orquestra Sinfónica do Porto na Sala Suggia, ao lado da violinista Hyeyoon Park, num concerto intitulado “O Eterno Feminino”, juntando obras de compositoras como a sul-coreana Unsuk Chin (“Rocaná”), residente em Berlim, ao “Offertorium” da russa Sofia Gubaidulina.
O programa abre com “Ricercari”, da portuguesa Clotilde Rosa, e termina com a estreia em Portugal de “Ciel d’hiver”, da finlandesa Kaija Saariaho.
No domingo, dia 15, o Coro Casa da Música canta, pelas 12:00, um ciclo dedicado a “Mulheres Pioneiras”, com a sueca Sofi Jeannin a estrear-se na direção deste agrupamento, e Joana David ao piano, passando por obras da italiana Barbara Strozzi, da alemã Clara Schumann, da britânica Imogen Holst, da francesa Lili Boulanger e da sueca Karin Rehnqvist, atravessando séculos de criação musical, do barroco intermédio à atualidade.
Mais tarde, no mesmo dia, é a vez de a Orquestra Barroca receber a estreia da violinista francesa Amandine Beyer, à frente desta formação, como regente e solista, em obras das italianas Maddalena Laura Lombardini Sirmen e Isabela Leonarda, a que se juntam peças de Antonio Vivaldi, durante anos professor do colégio e orfanato feminino Ospedale della Pietà de Veneza, que formou importantes compositoras e intérpretes. O programa inclui igualmente obras da alemã Wilhelmine Von Bayreuth, completando um percurso pela composição barroca de inspiração italiana, no feminino.
O Remix Ensemble chega no dia 17 de setembro, com Sian Edwards, maestrina britânica conhecida pelo trabalho na ópera, a liderar um programa que inclui a estreia mundial da encomenda da Casa da Música a Ângela da Ponte, “State of(f) Emergencies", e uma outra encomenda, em parceria com outras instituições -- “Scar”, da londrina Rebecca Saunders.
Além de obras de Saariaho e Chin, o concerto incide nas duas estreias, de nomes que a Casa da Música destaca como “figuras de topo da composição contemporânea”.
A Sinfónica regressa no dia 20, com um programa dedicado desta feita às “Mulheres Incomuns”, pelas 21:00, com a direção da suíça Elena Schwarz, tocando a segunda abertura da francesa Louise Farrenc, o Concerto para piano e orquestra de Clara Schumann, mulher de Robert Schumann, antes de obras das francesas Lili Boulanger e Germaine Tailleferre.
A “Fanfarra n.º6 para a mulher incomum”, da norte-americana Joan Tower (numa alusão à obra "Fanfare for an uncommon man", do seu compatriota Charles Ives, pioneiro da modernidade), encerra a atuação, com “uma homenagem às mulheres aventureiras”.
O Música no Feminino termina no fim de semana de 28 e 29 de setembro, primeiro com a Digitópia, uma plataforma da Casa da Música “reservada à criação musical em suporte tecnológico”, numa mostra de entrada livre no sábado, entre as 10:00 e as 18:00, com obras de Daphne Oram e Delia Derbyshire, “pioneiras da música eletrónica britânica”, e com uma nova obra de Saariaho.
A fechar, no domingo, estará o Coro Infantil, com “Vozes Nossas”, pelas 18:00, com várias compositoras representadas, entre elas as portuguesas Ângela da Ponte e Sofia Sousa Rocha.
A direção é de Raquel Couto, com Gonçalo Vasquez ao piano, e o concerto terá também nomes como a norte-americana Andrea Ramsey ou a francesa Francine Benoit, que se fixou em Lisboa e marcou gerações de compositores e músicos portugueses.
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