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60 anos a quebrar corações

Esta semana, dois atores britânicos conhecidos do grande ecrã chegaram às sessenta primaveras. Com um dia a separá-los, quem já acompanha a sua carreira há uns anos, poderá achar difícil conceber que até por eles o tempo tenha passado tão rápido. Falo de Hugh Grant e de Colin Firth que, nos dias 9 e 10 setembro, respetivamente, chegaram a esta ilustre idade redonda.

Contudo, além do sotaque e da idade e signo que partilham (Virgem, segundo uma pesquisa rápida no Google), a verdade é que os seus caminhos na indústria do entretenimento não só são parecidos, como se cruzaram mais do que uma vez. Nos anos 90, destacaram-se como protagonistas quer nas típicas comédias românticas britânicas quer em dramas de época, sendo que Grant nos leva logo a pensar em clássicos como “Quatro Casamentos e um Funeral” e “Notting Hill”, enquanto Firth teve o seu momento alto como Mr. Darcy em “Orgulho e Preconceito”, na versão de 1995.

Entretanto, o século XXI chegou e fez questão de juntar as duas figuras queridas das Terras de Sua Majestade em dois projetos que seriam um fenómeno mundial, até aos dias de hoje. O primeiro foi “O Diário de Bridget Jones”, lançado em 2001 e atualmente disponível na HBO Portugal, que viu as personagens dos dois atores, Mark (Firth) e Daniel (Grant) a disputar o coração de Bridget, protagonizada por Renée Zellwegger, e a levarem à criação da #TeamMark e #TeamDaniel, cinco anos antes de a saga Crepúsculo ter levado a uma discussão semelhante entre um vampiro e um lobisomem.

2003 traria uma nova colaboração entre os dois atores em “O Amor Acontece”, aquele filme que, a par de “Sozinho em Casa”, se tornou o filme de visualização obrigatória em todos os Natais e que levou Colin Firth a aprender português para poder conquistar a personagem representada pela atriz portuguesa Lúcia Moniz. Ao todo, “O Amor Acontece”, “Bridget Jones” e a sua sequela que juntou Grant e Firth novamente em 2004 fizeram mais de 700 milhões de euros nas salas de cinema espalhadas pelos mundo inteiro, provando que os dois atores eram a grande combinação inglesa a seguir ao “fish & chips” (popular iguaria britânica).

Na última década, os caminhos dos dois atores deixaram de seguir tão tangentes um ao outro. Firth, mais novo por um dia, gozaria de maior popularidade, primeiro, com o filme “O Discurso do Rei” (2010) que lhe valeu o Óscar de Melhor Ator e, de seguida, com a saga “Kingsman”. Grant, com o seu papel em “Florence Foster Jenkins” (2016) foi nomeado para Óscar de Melhor Ator Secundário e foi elogiado pela sua performance na minissérie “A Very English Scandal”. Esperemos que se voltem a aproximar ou cruzar no futuro.

    • És #TeamFirth ou #TeamGrant? Partilha comigo aqui.
créditos: MadreMedia

Os deuses da música através da sua lente

Passados seis meses de pandemia regressei a um cinema. O motivo? O festival IndieLisboa que entre 26 de agosto e 5 de setembro acolheu, em diversas salas lisboetas - São Jorge, Cinemateca, Culturgest e Capitólio - uma série de sessões de filmes, documentário e curtas-metragens independentes para os entusiastas do género.

Não havia nenhum filme no qual estivesse particularmente de olho, mas uma das preocupações que tive foi escolher um que fosse exibido numa das salas ao ar livre. Chamem-lhe excesso de zelo, mas achei que se ia fazer um “rentrée” de idas ao cinema mais valia começar por algo, teoricamente, mais seguro e, depois, voltar às salas de cinema habituais e aos filmes ditos “mainstream”. Este raciocínio levou-me ao último andar do Capitólio, no coração da Avenida da Liberdade, numa noite em que ia ser exibido o filme documental “Show Me a Picture - The Story Of Jim Marshall”.

Quem foi Jim Marshall? Um fotógrafo americano que nos anos 60 e 70 acompanhou alguns dos momentos musicais mais importantes do século XX, bem como o movimento pelos direito civis que marcaram esse período nos EUA. Entre os nomes ilustres que permitiram que a câmara Leica de Marshall se aproximasse da sua face, espaço pessoal ou atuação, estão os Beatles, os Rolling Stones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Johnny Cash, John Coltrane e Miles Davis. O documentário, através das suas fotografias, dá uma contextualização à história musical desses anos e aos ideais defendidos pelas milhões de pessoas que olhavam para esses artistas como as figuras da mudança de paradigma que se estava a dar.

Contudo, nem tudo eram rosas ou cravos revolucionários na vida do fotógrafo americano. Marshall tinha uma personalidade complicada, uma que combinava o apreço e amor que tinha pelas pessoas com quem trabalhava, com crises de solidão e momentos de agressividade quando tentava atingir a perfeição, reforçados por vícios com álcool e droga que o acompanharam durante toda a sua vida. Também tinha uma estranha obsessão com armas, que não era muito coerente com os seus ideais pacifistas, mas aconselho a não se focarem nesse pormenor.

créditos: MadreMedia

Os suecos são mais simpáticos em inglês

Há uma ideia pré-concebida sobre os povos nórdicos relativamente à sua frieza. Um pensamento que nos leva a olhar para eles como pessoas que parecem ter absorvido todas as temperaturas negativas do ambiente que as rodeia para se demonstrarem super organizados, racionais, cerebrais e incapazes de qualquer inconstância emocional.

A falta de conhecimento destes povos ou o pouco acesso que tínhamos a filmes ou séries daquele lado da Europa também podiam justificar algumas destas noções erradas, pois é mais fácil ter uma ideia do “estilo de vida americano” cada vez que vamos ao cinema do que o “estilo de vida sueco”. E é precisamente na Suécia que decorre “Young Wallander”, uma das mais recentes séries originais da Netflix, que mostra que o problema da imigração não é só uma coisa dos EUA ou do Sul da Europa, mas já lá vamos.

Nesta minissérie de seis episódios, ficamos a conhecer o jovem detetive que lhe dá nome, Kurt Wallander, que, no bairro pobre onde vive, maioritariamente composto por gangues e famílias de imigrantes, é confrontado com o assassinato de um jovem branco sueco às mãos de um homem muçulmano, sem nada conseguir fazer para o impedir. Na demanda pelo culpado, ele acaba por ser escolhido para a “taskforce” da polícia com esse objetivo e descobre que está envolvido em algo muito maior do que um caso isolado num bairro pobre de Malmo (cidade onde ocorre a história). A verdade é que todo o processo ganha um mediatismo que cria tensões entre uma parte da sociedade sueca que apoia os imigrantes e uma parte com tendências mais racistas que os vê como um problema no país.

À medida que vai fazendo novas descobertas e enfrentando uma série de incidentes, Wallander percebe que as raízes da conspiração vem de uma das famílias mais ricas da Suécia e que a comunidade de imigrantes poderá ter sido usada como bode expiatório. Se precisas de um drama policial com uma pitada de “frio e emoção nórdica” para te acompanhar no fim-de-semana, este não te vai desiludir.

  • Em inglês soa melhor: apesar de se passar na Suécia com personagens suecas, os produtores da série acharam por bem que os diálogos fossem em inglês provavelmente para criar mais empatia e eliminar alguns obstáculos que o forte sotaque sueco poderia criar. Foi uma boa decisão.
  • Se gostares disto: poderás ver também na Netflix “Quicksand” e “Deadwind”, séries policiais sueca e finlandesa, respetivamente.

Créditos Finais

Arctic Monkeys previram a pandemia? Parece mentira, mas um olhar mais atento às letras das músicas do último álbum “Tranquility Base Hotel and Casino” poderão indicar o contrário. Descobre como neste artigo da NME.

As folhas caem e chegam estes álbuns: a Pitchfork fez uma lista dos álbuns mais antecipados do outono. Vê se encontras os teus.

O Que Se Ouve Quando o País Pára: o podcast do SAPO24 sobre histórias da pandemia, leva-nos esta semana ao Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André. Ouve o episódio aqui.

Dunas são como divãs: três minutos de trailer deviam ser proíbidos, mas a nova adaptação de “Dune” com Timothée Chalamet, Zendaya, Jason Momoa, entre outros (mas não com os GNR), promete. Vê aqui o trailer.

Premier League de regresso: muitas razões para ficares de novo no sofá. Vê o que se pode esperar da nova temporada da liga inglesa de futebol neste artigo do SAPO24.


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