Regulação, burocracia e dinheiro. As palavra de ordem num painel que juntou Nicolas Brusson (CEO da BlaBlaCar), Klaus Hommels (fundador da Lakestar) e Diego Piacentini (comissário para o digital do governo italiano) para discutir, no principal palco da Web Summit, se a Europa será algum dia Silicon Valley.
Não nos falta talento, ou clientes, e o acesso a financiamento está facilitado, mas “há uma questão por resolver: a regulação. Como simplificar a regulação na Europa, para que seja mais fácil escalar um negócio”, aponta Nicolas, salientando porém que há progressos a destacar, como o fim do roaming a União Europeia ou a possibilidade de contratar qualquer europeu sem que este precise, por exemplo, de um visto. E, no final do dia, reconhece, a regulação pode até ser uma coisa positiva, caso tenha por base o compromisso de alavancar as empresas tecnológicas.
Mas há mais: “Temos de ter consciência de que os ecossistemas têm uma maturidade diferente. O ecossistema norte-americano é 25 anos mais velho do que o Europeu”, salientou Klaus Hommels.
“Acho que na Europa fizemos progressos na mentalidade dos empreendedores e ao nível do financiamento em fase inicial, mas a minha maior preocupação é perceber como vamos conseguir para manter empresas como a BlaBlaCar na Europa. A ameaça óbvia é o investimento externo. Se não consegues mobilizar dinheiro europeu em rondas de financiamento mais tardias, verás estas empresas a serem financiadas pelos EUA ou pela China, o que significa e o centro de decisão fica fora da Europa”.
Diego Piacentini, por sua vez, destaca nesta corrida pela afirmação europeia “a responsabilidades que os governos têm de se modernizar, de se tornarem menos burocráticos através da digitalização”.
“É difícil imaginar uma economia digital quando o principal decisor e legislador não é digitalizado”, resumiu o comissário italiano, que já passou pelo Google e Amazon.
Apesar dos desafios que se colocam, os convidados olham para o futuro como “um copo meio cheio” e antecipam nos próximos cinco anos um ecossistema empreendedor mais “polarizado”, mas também “mais robusto” e, claro, com governos mais capazes de estar à altura do desafio.
A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo que nasceu em 2010 na Irlanda e se mudou em 2016 para Lisboa por três anos, despede-se da capital esta quinta-feira.
Segundo a organização, pela Altice Arena (antigo Meo Arena) e pela Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque nas Nações, passaram 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil 'startups', 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.
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