A implementação da nova rede de comunicações móveis 5G, que no segundo semestre deste ano deverá ser implementada em Portugal, poderá ser afetada pelo impacto do surto de Covid-19 na produção equipamento na China, afirmou o CEO da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, numa conversa com jornalista no âmbito do quarto aniversário da Altice Labs, que hoje se assinala.
Um dos grandes fabricantes de tecnologias de comunicações móveis, a Huawei, é de origem chinesa e é parceria em Portugal de vários projetos, incluindo a vertente de comunicações radio da Altice Portugal.
"Para já, ainda não existe esse impacto", referiu Alexandre Fonseca, acrescentando que essa possibilidade terá, no entanto de ser considerada, atendendo ao atual cenário de incerteza em relação à evolução do surto.
Além da preocupação com um factor que não estava mapeado quando foi feito o planeamento para o 5G, Alexandre Fonseca voltou a reafirmar o desagrado da operadora que dirige face à forma como a entidade reguladora do setor tem conduzido o processo de implementação do 5G, nomeadamente em relação aos prazos em que processo está previsto decorrer. "Informámos em tempo útil o regulador do calendário que consideramos necessário para a implementação do 5G e essa informação está documentada em várias comunicações. Ainda assim, o regulador decidiu fazer como entendeu, mas somos nós que estamos no terreno".
Face às incertezas que ainda permanecem, o CEO da Altice Portugal considerou que "irá haver atrasos", afirmando todavia que a partir do momento que as licenças estiverem emitidas o processo decorrerá "em semanas", num intervalo entre três e seis semanas.
A Altice tem realizado vários projetos piloto com a tecnologia 5G. Em Aveiro, onde está sediada a Altice Labs e onde a operadora tem o laboratório 5G além de ser parceira no projeto Aveiro Steam City, existem atualmente 5 antenas 5G, sendo que ainda não existe licença comercial para poder fazer a exploração fora do âmbito de projetos piloto.
O projeto de regulamento do leilão para o 5G, aprovado pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), foi publicado a 12 de fevereiro em Diário da República (DR), ficando em consulta pública durante 30 dias úteis.
Durante a conferência sobre o projeto de regulamento do leilão para a atribuição de licenças 5G, o presidente da Anacom, João Cadete de Matos, disse que com a "atribuição das licenças, imediatamente a seguir a junho, ou antes", Portugal poderá ter várias cidades 5G. "Se houver quatro operadores com duas cidades 5G até podemos ter oito cidades até final do ano", acrescentou.
O plano de ação da Comissão Europeia, de setembro de 2016, confirmado pelo Conselho da UE em dezembro de 2017, visa a implantação comercial de 5G (quinta geração móvel) em pelo menos uma grande cidade em todos os Estados-membros até o final de 2020.
Comentários