A uma semana das eleições, Portugal precisa de coligações?

Ana Filipa Paz
Ana Filipa Paz

Rui Rocha revelou aos jornalistas que a AD e a IL estão a negociar uma possível coligação, mas foi imediatamente desmentido por Luís Montenegro. Na esquerda e na direita, surgem comentários sobre possíveis coligações.

“Antes da campanha, houve a tentativa por parte da AD de integrar a IL noutra plataforma”, avançou Rui Rocha, mas Montenegro recusou confirmar conversas com a IL para uma eventual aliança pré-eleitoral nestas legislativas. Durante a campanha, o líder da AD referiu apenas que poderia fazer uma boa dupla com Rui Rocha, indicando uma potencial aproximação aos liberais.

Na verdade, o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, foi quem ficou mais afetado pelo novo triângulo amoroso. Em entrevista, reforçou que coligação do seu partido “é com o PSD, não é com mais ninguém”. Mas a estratégia de Montenegro parece ser outra.

“Nós vivemos num mundo, tenho dito, de grande instabilidade e de incerteza política. O presidente dos EUA lançou uma guerra comercial no mundo, nós estamos num mundo instável e nós precisamos de um Governo que dê segurança e estabilidade ao país e que só o PS é pode dar”, afirmou ainda.

Para incentivar o voto útil à direita, Montenegro começa por convencer os eleitores da IL de que é a solução à direita mais próxima de ganhar as eleições, ter uma maioria sobre a esquerda e dar espaço para os liberais no Parlamento.

No entanto, hoje, em Espinho, voltou atrás e recusou ter conversado com a IL, referindo que os comentários de Rui Rocha não passam de "mexericos políticos".

Dentro do próprio PSD há opiniões distintas sobre o assunto. O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, defendeu que o voto na IL “retira força” a Luís Montenegro.

“Por bem intencionados que sejam, nós podemos dizer, por exemplo, aqui em Viseu, que votar na IL é voto desperdiçado, não concorre para uma maioria maior. E, já agora, mesmo [a nível] nacional retira força ao primeiro-ministro que hoje temos e que vamos continuar a ter para o futuro”, afirmou.

Para Pedro Nuno Santos, os partidos "estão de cabeça perdida e dizem coisas diferentes na coligação". O líder do PS considerou que "a AD com a IL é uma mistura explosiva do ponto de vista do radicalismo e do ataque ao Estado Social" e, de facto, uma conciliação difícil para as diferentes alas dos sociais-democratas.

Afinal, o país quer ou não uma coligação à direita?

O porta-voz da IL insistiu que Montenegro não podia desmentir “a intenção pela parte mais alta liderança do PSD” de querer reunir com a IL. Mas deixou dúvidas se a iniciativa não terá sido de Rui Rocha.

A IL “não é um partido de protesto” nem “uma solução de Governo para fazer igual ao que a AD fez”, que foi “absolutamente insuficiente”, reiterou. Deixou claro que o partido "não existe para passar certificados de bom comportamento à AD. Existe para modificar o comportamento da AD”, mas não nega que a aproximação lhe seria benéfica.

Há, no entanto, questões que pesam nesta decisão:

  • A IL, com oito deputados, exigiria à AD mais pastas do que o CDS;
  • Ambos discordam no sistema de pensões, uma das medidas que impacta a maioria dos eleitores. Os votos dos jovens são inconstantes;
  • A IL propõe a eliminação do IMT na compra de habitação própria permanente e a isenção do imposto de selo no arrendamento, enquanto a AD circunscreve a medida apenas aos jovens;
  • Defende a privatização de várias empresas públicas, incluindo a TAP, a RTP, a Caixa Geral de Depósitos e a Transtejo. A opinião da AD não é clara sobre estas empresas;
  • A IL propõe a criação de um seguro público de saúde, permitindo que os cidadãos escolham entre o sistema público e privado, e a AD foca-se no reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com medidas para melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados;
  • A IL defende a implementação do "cheque-ensino", permitindo que os pais escolham livremente entre escolas públicas e privadas, enquanto a AD prioriza o reforço da escola pública;
  • A IL propõe uma taxa única de IRS de 15% sobre a parte dos rendimentos que exceda o Salário Mínimo Nacional. A AD defende uma redução gradual da carga fiscal em cerca de 1,5 pontos percentuais até 2028, mantendo uma estrutura progressiva de impostos para garantir a equidade fiscal.

Montenegro não ganha por se afastar do centro e ter a IL como segundo braço direito. O discurso moderado em relação à economia, saúde, habitação e educação têm sido um dos pontos fortes da campanha do PSD.

E à esquerda, há coligação?

Ao nono dia de campanha oficial para as legislativas antecipadas, continuam a ser ponderados diferentes cenários eleitorais.

A coordenadora do BE teve ao seu lado a sua antecessora, Catarina Martins, em Loulé, no Algarve, com uma mensagem de confiança de que "não há nenhum impossível antes dos votos contados" e de que os bloquistas são "a força que vira o jogo".

Rui Tavares, porta-voz do Livre, insistiu que o seu partido será "determinante" para uma solução governativa à esquerda e para isso quer superar a IL.

Na Escola António Arroio, em Lisboa, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, traçou como objetivo mínimo da CDU para as legislativas de domingo voltar ao resultado de 2022, com seis deputados, mais dois do que os quatro eleitos no ano passado, estimando que isso implica "sensivelmente mais 100 mil votos".

Não ha referências de uma coligação, mas os partidos continuam empenhados em subir nas sondagens e fazer frente ao Governo da AD, no qual não confiam.

*Com Lusa

Jornais do dia

  • Correio da Manhã

    Correio da Manhã

    12 Maio 2025
  • A Bola

    A Bola

    12 Maio 2025
  • Jornal de Notícias

    Jornal de Notícias

    12 Maio 2025
  • Record

    Record

    12 Maio 2025
  • Jornal i

    Jornal i

    13 Maio 2025
  • O Jogo

    O Jogo

    12 Maio 2025
mookie1 gd1.mookie1