Prova de fogo

Inês F. Alves
Inês F. Alves

A onda de calor estava anunciada há dias e esta quinta-feira de manhã o IPMA deixava o alerta: mais de 50 concelhos de nove distritos em perigo máximo de incêndio – Faro, Bragança, Vila Real, Guarda, Coimbra, Viseu, Castelo Branco, Santarém e Portalegre.

Mais: a situação tem tendência para agravar-se em algumas regiões do país até segunda-feira.

A razão? Uma subida dos valores de temperatura, em especial da máxima, esperando-se valores acima de 35 graus Celsius na generalidade do território. No interior, as temperaturas deverão atingir valores superiores a 40 graus a partir de sexta-feira, podendo alcançar localmente os 42 graus. As noites serão "tropicais".

Perante este cenário, o governo anunciou que vai declarar a situação de alerta a partir de amanhã. O ministro da Administração Interna, Luís Carneiro, resumiu o que está em causa: os níveis de humidade vão estar muito baixos e as temperaturas muito altas, com vegetação muito seca. Teremos pela frente dias “muito exigentes e preocupantes”, concluiu. Recorde-se que mais de um quarto do território do continente estava no final de junho em seca extrema (28,4%).

Pouco depois, foi a vez do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, assegurar que está assegurado o abastecimento de água para consumo humano e combate aos incêndios florestais, apesar da situação de seca no país e das condições meteorológicas muito adversas.

A essa hora, já os bombeiros combatiam as chamas Sever do Vouga, no distrito de Aveiro, num incêndio que deflagrou pelas 12h18 numa zona de povoamento florestal e passou para o concelho vizinho de Águeda. O objetivo é que o incêndio fique "resolvido" durante a noite, mas o vento e a dificuldade nos acessos têm estado a dar luta aos 373 operacionais no terreno, apoiados por 109 viaturas e oito meios aéreos.

Também na Guarda se faz o combate às chamas. Ao longo do dia, o incêndio que deflagrou às 14h11 na freguesia de Benespera, numa zona de mato, evoluiu para o vizinho concelho de Belmonte (Castelo Branco). Pelas 20h00 ainda ardia “com alguma intensidade”. A fazer frente ao fogo estavam 338 operacionais, apoiados por 102 viaturas e três meios aéreos.

Também ao início da noite, em Ourém, o combate às chamas mobilizava cerca de 250 operacionais. “A principal preocupação é a localidade de Abades”, dado que o incêndio está a aproximar-se “com projeções para dentro da própria localidade", avançava fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém.

Entretanto, as previsões colocam seis distritos em alerta laranja, o segundo mais elevado, a partir desta sexta-feira, sendo eles Viseu, Vila Real, Bragança, Guarda, Castelo Branco e Santarém.

Marcelo congratulou-se pela decisão do ministro da Administração Interna “de avançar para o estado de alerta numa área significativa” do território, afirmando que “mais vale prevenir do que remediar”. Afinal, “eu tenho na minha memória o que se passou noutros anos. Temos condições agora melhores para resposta mais rápida e mais eficiente, mas temos que ajudar todos porque, de facto, vão ser 10 dias ou 15 dias muito difíceis”. Marcelo não esquece — e o país também não.

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