Durante a vigência do mandato de Catarina Martins à frente do Bloco de Esquerda são despedidas mulheres em situação de vulnerabilidade. Algo que supostamente é contrário a tudo aquilo que o partido defende, até porque está sempre disponível para apontar o dedo a maus patrões.
A primeira reação do BE, da ex-líder e da atual líder Mariana Mortágua, é negar e atacar o meio de comunicação. Uma atitude que diz muito acerca do respeito por um dos pilares mais importantes da democracia. Anunciaram imediatamente uma queixa à ERC. Passadas horas e já com algumas funcionárias a vir a público confirmar o que foi noticiado, já a Mariana Mortágua envia uma carta aos militantes a assumir o erro.
Apesar de ficarmos sem saber se Mariana teve ou não conhecimento dos despedimentos quando estes ocorreram, uma coisa é certa: consequências? Zero. Catarina Martins continua satisfeita da vida, eurodeputada, em Bruxelas. Mariana Mortágua continua satisfeita da vida, deputada e líder do partido. Nenhuma foi capaz sequer de colocar o lugar à disposição.
Miguel Arruda, deputado açoriano do CH, sempre pronto a fazer discursos muito inflamados contra o crime é apanhado pelas câmaras de vídeoproteção do aeroporto de Lisboa num triste espetáculo de furto de bagagens. Primeira reação do líder supremo André Ventura? “É um ataque ao Chega”. Reação do Líder do Chega Açores? “É uma cabala!”. Sócrates estará orgulhoso.
E o próprio deputado? Primeiro foi noticiado que confessou, depois foi à televisão dizer que se há imagens no aeroporto, só podem ter sido fabricadas através de Inteligência Artificial. Consequências? Nenhumas.
O partido não exigiu publicamente que Miguel Arruda renunciasse ao mandato, preferiu encenar uma espécie de flagelação em público, ao fazerem graçolas de que o deputado não tinha bagagem para estar no partido e ainda mostrar imagens da expulsão do deputado do grupo de Whatsapp. Mas a palavra-chave é deputado. Miguel Arruda continua deputado.
Os dois partidos que se apresentam como poço de virtudes e modelo de moralidade, que se proclamam antissistema, chegados a um momento de aperto, comportam-se exatamente da mesma forma que todos os outros.
Negar, desvalorizar, distrair ou atirar culpas para o lado. Os heróis moralistas e as heroínas feministas infelizmente têm estado de folga ou têm ficado satisfeitos com pedidos de desculpa e remoções de grupos de Whatsapp. Quero acreditar que os portugueses registam os resultados deste teste do algodão.
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