Lisboa, Aveiro, Porto, Gaia, Viana do Castelo, Almada, Seixal, Barreiro, Montijo, Alcochete, Setúbal, Lagos, Portimão, Faro, Olhão, Tavira, Vila Real de Santo António são cidades costeiras portuguesas que, entre outras, com a subida do nível das águas do mar ficarão à mercê de cheias destruidoras, se a proteção não for cuidada.
Muitas cidades costeiras em todos os continentes já estão a ser confrontadas com essa necessidade de infraestruturas de proteção perante o que a crise climática ameaça trazer-nos nas próximas décadas.
A edificação de comportas ao largo de Veneza está entregue, desde 2003, a um consórcio, cujo nome, Mose, que se traduz por Moisés, remete para a referência bíblica ao profeta que separou as águas do Mar Vermelho. A obra tem por fulcro 78 comportas que é suposto protegerem Veneza, Murano, Burano, Torcello e as outras mais de 100 ilhas na Laguna dos efeitos da subida das marés nas três principais ligações naturais ao Mar Adriático.
Esta obra, orçamentada em 5.500 milhões de euros, deveria ter ficado concluída em 2016. Os diques encomendados já estão no estaleiro de obra no local onde devem ser colocados, mas surgiram dúvidas sobre a eficácia daquelas comportas, porque se constata que, perante marés altas e ventos fortes, a água avança impetuosa por outros canais onde não foram projetados diques. Há grande contestação ao gasto de tanto dinheiro numa obra que é faraónica no custo, mas que se afigura mal planeada. Fica à tona um clássico mau em obras italianas: ligeireza e corrupção a vários níveis. Londres e Roterdão conseguiram proteção eficaz em muito menos tempo e com muito mais baixo orçamento.
Parece evidente que a crise climática vai ter consequências muito dispendiosas – por um lado, na redução das emissões de CO2, cujas consequências se anunciam catastróficas; por outro, na redução dos efeitos que já não há como evitar.
A colocação de barreiras para proteção de zonas costeiras e a instalação de canais de irrigação para apoio à exploração agrícola em zonas de seca são megaprojetos que os peritos avançam como inevitáveis já para os próximos anos deste século.
Planear ações que evitem as consequências, que se anunciam catastróficas, da crise climática que todos já estamos a constatar em modo disparado, torna-se uma prioridade. É uma tarefa que vai requerer muitos fundos, gestão séria e eficiente, mas que vai criar muitos postos de trabalho. Na tão vulnerável Veneza, tem estado em causa salvar tesouros culturais. Pelo mundo, a questão é proteger todos os tesouros da vida. A comunidade científica há muito está a alertar para consequências catastróficas que alguns políticos poderosos menosprezam ou até desprezam, mas os efeitos desastrosos começam a surgir por todo o lado, seja em inundações com dimensão extrema, seja em excecionais enormes incêndios como os que aconteceram nas ultimas semanas na Califórnia e na Austrália.
A TER EM CONTA:
Elizabeth Warren emerge como a mais forte e impoluta candidata democrata para daqui a um ano discutir com Trump quem fica na presidência dos EUA. Mas, mesmo no campo democrata, há quem tema as mudanças de Warren. Obama junta-se a estes alertas.
Todas as perguntas incisivas que importava fazer e colocadas em tom sempre exemplar: a extraordinária entrevista de Emily Maitlis, no programa Newsnight, da BBC, ao príncipe André, terceiro filho da rainha Isabel II de Inglaterra, sobre abusos sexuais e o amigo organizador de orgias. É uma lição sobre a arte de entrevistar.
O realizador nova-iorquino Abel Ferrara, em vésperas de apresentar o filme Tommaso, esta semana em Lisboa e Sintra no LEFFEST.
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