À hora que escrevo este texto, Bruno Nogueira deambula até Lisboa à procura de casas com luzes de Natal acesas à janela. Se isto lhe parece estranho, não me leve a mal, mas não faço ideia onde andou durante esta quarentena. Porque os diretos de Bruno Nogueira no Instagram ficarão, sem dúvida, na memória da Internet e sobretudo na memória de todos os que por lá passaram — hoje, a esta hora, estão 125 mil pessoas.
Desculpem ... estavam 125 mil, até que uma conta em nome de Georgina Gio apareceu no direto e de repente ouvimos uma voz familiar, num ecrã sem luz. Do outro lado, Cristiano Ronaldo, deste lado 157 mil pessoas meio aparvalhadas com tudo o que estava a acontecer.
O que é que é tudo? No meio da distopia que temos estado a viver, fechados em casa, afastados da família, dos amigos, dos inimigos, das rotinas, das obrigações, dos prazeres, Bruno Nogueira deu um pontapé no tédio e começou a falar connosco.
Para se entreter, entreteve-nos e foi chamando os amigos para ajudar a conversa. E eis que qualquer pessoa - qualquer pessoa - passou a poder estar numa sala com o humorista e como se não bastasse ainda levou como bónus uma verdadeira seleção nacional sem peneiras, de músicos (Filipe Melo, Samuel Úria, Maria João Pires Gisela João, Capicua, Salvador Sobral), atores (Eunice Munoz, Albano Jeerónimo, Rita Blanco, Miguel Guilherme, Nuno Lopes), artistas plásticos (Vhils num memorável 25 de Abril), outros humoristas (Nuno Markl, Beatriz Gosta, Salvador Martinha), gente da televisão (João Manzarra, quase todos os dias), futebolistas (Rui Patrício e Bernardo Silva, antes de Cristiano Ronaldo hoje).
Hoje a quarentena como a conhecemos estas semanas acabou - e acabou também o "Como É Que O Bicho Mexe”. Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe. E não se pode ter tudo, é o que dizem. Deve ser verdade, mas neste caso, se pode ser Natal no mês dos milagres e parecer que há festa do título com o campeonato parado, não nos faz mal acreditar que talvez não seja bem assim.
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