09h – Acordei e lembrei-me que não podia ir trabalhar e por isso voltei para a cama.
10h – A minha cadela queria ir à rua, mas eu expliquei-lhe que temos de estar em isolamento. Ela compreendeu e foi aliviar-se na cozinha.
10h30 – Petisquei qualquer coisa para passar o tempo.
11h – Vi as notícias e, sem querer, a fazer zapping mudei para a CM TV e tive um ataque de ansiedade.
12h – Tossi e como sou hipocondríaco tive dois ataques de pânico e comecei a respirar fundo a ver se estava com dificuldade. Entrei em pânico e percebi que só estava a respirar mal porque tenho o nariz entupido. Respirei pela boca e fiquei mais descansado, mas com medo de ter aspirado partículas de SARS-CoV-2 do ar.
13h – Vi o telejornal enquanto comia qualquer coisa para passar o tempo.
14h – Uma médica, através de um áudio do Whatsapp, ensinou-me a fazer o diagnóstico em casa apenas com mel e uma banana.
14h30 – Petisquei qualquer coisa para passar o tempo.
15h – Fui às compras de bens essenciais como pão, leite e vinho. Levei uma máscara para tirar fotografia na rua e publicar nas redes a dizer “Não saiam de casa, só saí porque era mesmo necessário.”
16h – Fui levar o lixo e um vizinho nas escadas queria dar-me um aperto de mão. Dei-lhe um pontapé na cara e fugi. Ele disse que isto da COVID-19 se cura com amêndoa amarga com limão.
16h15 – Petisquei qualquer coisa para passar o tempo.
16h30 – Fui fazer uma sesta.
17h - Fiz duas máquinas de roupa, limpei o pó, aspirei a casa toda e depois acordei. Petisquei qualquer coisa para passar o tempo.
18h – A minha namorada chegou do emprego e anunciou que ia ter de começar a trabalhar em casa também. Fizemos apostas para acertar no dia em que acontecem os primeiros episódios de violência doméstica.
18h30 - Fui ao Whatsapp e descobri que a COVID-19 é causada por aliens ao serviço da China e que têm como objetivo suspender as gravações da novela Nazaré.
19h – Fui à janela cantar uma música dos DAMA, mas a vizinhança assobiou e mandou-me calar a dizer que já basta a desgraça da pandemia.
20h – Vi o telejornal, ou como agora é conhecido: o espectáculo a solo do Rodrigo Guedes de Carvalho que tem notícias nos intervalos do monólogo dele.
21h – Perdi o controlo e jantei 10 latas de atum e duas de chispalhada. De sobremesa comi flocos de aveia com Cerelac.
22h – Fui à janela bater palmas aos profissionais de saúde porque me esqueci no outro dia e não tinha vídeo para as redes sociais.
23h – Fiz amor com máscara e luvas.
23h05 – Lavei as mãos, comi qualquer coisa e fui dormir.
Para NÃO ver: O filme Contagion e a série Pandemic.
Para NÃO fazer: Partilhar merdas no Whatsapp sem terem a certeza que é verdade.
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