Vamos queimar cartazes porque aqueles ali são fascistas? Se fossem considerados fascistas pelo sistema democrático não teriam assento parlamentar, nem cartazes na rua. Não teriam tido hipótese de constituir um partido. O que reivindicam vai contra a Constituição? Pois sim, concordo, mas é só conversa de café porque, na verdade, nada se passa.
Aqueles ali estão fartos de corrupção, mas nas suas fileiras têm uns tantos que são corruptos. Os outros são isto e aquilo. Duarte Cordeiro, figura destacada do Partido Socialista, bateu com a porta porque está cansado de insinuações, ou melhor, acusações que não dão em nada (nunca foi constituído arguido), mas que permitem que a polícia lhe entre em casa e que faça o que tem de fazer em frente aos filhos e à mulher: tudo para dentro do carro da PSP, por favor, o senhor está sob suspeita.
Em tempo de pré-eleições o Ministério Público transforma-se. É caso de estudo, terão de concordar comigo.
O que nos resta com este estado das coisas? A mediocridade. A mesma mediocridade que vemos em outros países e, parece, voltaremos a ver, por exemplo, nos Estados Unidos da América, com as sondagens a dizer que Trump vai tentar fazer com que a América seja “great again”. Um tipo acusado de umas tantas coisas, condenado, julgado e tal. E o eleitorado vai nisto.
Como escrito na semana passada, a ignorância perdeu a vergonha e as pessoas não querem saber e, acima de tudo, já não distinguem o que está certo do que está errado. O que quer um português? Ser mais esperto que o vizinho, ganhar mais dinheiro, não fazer muito. Além da queixa que vinga no nosso ADN, e dessa maldita inveja que motiva o povo lusitano desde sempre, temos ainda uma dimensão de cobardia sem par. Não vamos para a rua como se fez esta semana na Alemanha gritar com toda a força que neo-nazis não são bem-vindos. Dizemos umas larachas e pouco mais.
Leio que as sondagens prevêem uma abstenção alta, altíssima. O que significa que, além de tudo, somos incapazes de entender que o Governo a ser eleito terá impacto real nas nossas vidas. Às tantas, as pessoas devem pensar assim: ah, política, não quero saber. Como não querem saber?
Cereja no topo do bolo, temos políticos de partidos criados recentemente que não se importam de dizer ao telemóvel (alto e bom som), num local público, repleto de gente, que não estão a ter a visibilidade suficiente. Não importa grandemente as ideias que tem, o que o senhor quer é palco, muitas luzes, muitas citações no Twitter e, para isso, façam-se transformações, acertos no visual, no guarda-roupa, tudo para garantir cinco minutos de visibilidade. Para quê? Sinceramente, morro de vergonha de tudo isto e, mais do que medo do que aí vem, tenho a certeza de que viveremos cada vez mais na fragilidade, cada vez mais acossados. E sempre a assobiar para o lado.
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