O Instagram surgiu em 2010, quatro anos depois do Twitter e seis anos depois de o Facebook e o YouTube se terem tornado armas de comunicação maciça e de ação comercial e popular. As redes sociais começaram por ser uma forma de ligação entre amigos. Através das selfies exibimos o que queremos parecer. No Facebook ficam mostrados amores e desamores.
Agora, os circuitos de informação, os artísticos e os de negócios, já não dispensam as redes sociais. A educação e a ciência também não.
As redes tornaram-se promotoras de celebridade de ocasião e, através de influencers, desenvolveram a indústria com a condução de gostos e comportamentos.
Os likes/gostos, ainda que a perder peso, são um pilar no sistema das redes sociais. Como contador público são uma métrica do interesse. Mostram como uma comunidade reage a cada publicação de um ou uma influencer. Também são um fator de ansiedade, tal como os comentários, ao colocarem em teste a autoestima.
A atividade de influencer disparou de tal modo que são conhecidos casos de quem compra seguidores e até likes/gostos para tentar melhorar a posição frente à concorrência. Há marcas que estão a dar-se por enganadas por falsos perfis no Instagram ou no Facebook. Um estudo da Universidade de Baltimore com a empresa de cibersegurança Cheq investigou o perfil de 10.000 influencers e apurou que cerca de 25% dos seus seguidores eram falsos. O mesmo estudo conclui que 600 de 800 empresas inquiridas tiveram contratos com esses influencers que artimanham o falso perfil. Mesmo assim, um perito como Roberto Cavazos, líder do estudo atrás referido, considera que apesar da fraude a influência de influencers está em alta: em 2018, o setor influencers mobilizou nos EUA 500 milhões de dólares; a meio de 2019 o crescimento estava multiplicado por 20 e superava os 10 mil milhões. Cavazos admite que este canal de marketing ultrapasse os 20 mil milhões de dólares em investimento anual em 2022. Cavazos constata que a um aspirante a influencer basta um pouco de argúcia e alguma criatividade para entrar no radar de empresas e marcas interessadas no contacto e eventual contrato.
O filósofo francês Guy Debord já tinha escrito em vésperas do Maio de 68, em A Sociedade do Espetáculo, que o espetáculo seria “uma ditadura da ilusão na sociedade moderna”. Hoje há quem, aproveitando a vaga de frivolidade e superficialidade instalada, fique rico a publicar numa rede de moda fotografias fixadas com o telemóvel. As redes sociais deram dimensão global a essa possibilidade.
A TER EM CONTA:
A cidadania em Hong Kong mostra à China, de modo retumbante que é pela democracia. É uma confirmação no dia em que a investigação de um consórcio internacional de jornalistas revela práticas de reeducação forçada com lavagem de cérebro sofridas na China pela minoria muçulmana uigur.
Michael Bloomberg, a menos de um ano das eleições presidenciais nos Estados Unidos, entra na corrida que está muito aberta. A fortuna pessoal, a que se junta o posicionamento moderado que toca republicanos e democratas alinhados ao centro, podem ser argumentos relevantes para as primárias com fase decisiva em Março.
Comentários