"Embora a Rússia tenha dúvidas sobre isso, porque não tem as mesmas facilidades, nós vamos continuar os esforços para servir a humanidade", disse Erdogan, que, em conjunto com a com Ucrânia, Rússia e Nações Unidas, tinham acordado, no verão passado, a exportação de 9,5 milhões de toneladas de cereais e de outros produtos alimentares.

O Presidente turco referiu-se aos esforços da Turquia para facilitar a chegada de cereais a países que enfrentam o risco de fome face ao bloqueio das exportações ucranianas devido à invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro.

"Com o mecanismo conjunto que estabelecemos em Istambul, contribuímos para aliviar a crise alimentar", afirmou, referindo-se ao sistema estabelecido para que os navios que saem ou chegam aos portos ucranianos sejam inspecionados na cidade turca.

As palavras de Erdogan já tiveram resposta de Moscovo, com o Kremlin a afirmar que continuar a aplicar para a exportação de cereais da Ucrânia em a Rússia será "perigoso".

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, será perigoso e difícil continuar a aplicar o acordo de cereais ucranianos sem Moscovo.

"Nas condições em que a Rússia fala sobre a impossibilidade de garantir a segurança da navegação nessas áreas, esse acordo é difícil de aplicar e toma um rumo diferente, muito mais arriscado, perigoso", disse Peskov, depois de interrogado sobre a possibilidade de continuar a cumprir-se o acordo sem a Rússia.

A Rússia anunciou no domingo que suspendeu indefinidamente a participação no acordo, na sequência dos ataques, com 'drones' (aparelhos voadores não tripulados), a navios de guerra russos em Sebastopol, um porto localizado na península ucraniana anexada da Crimeia.

Nas declarações, Erdogan lembrou que a Ucrânia e a Rússia produzem um terço do trigo do mundo.

Vários navios partiram hoje de portos ucranianos com destino a Istambul, confirmaram à agência noticiosa espanhola EFE fontes das Nações Unidas.

"Há 16 navios que planeiam transitar pelo corredor marítimo humanitário. Três já estão neste corredor", disse Ismini Palla, porta-voz da ONU para o Centro de Coordenação Conjunta (JCC), que também inclui Ucrânia, Rússia e Turquia.

Ainda no domingo, o JCC indicou que 11 navios foram inspecionados nesse dia antes de adiantar que Moscovo decidiu não participar mais nas inspeções.

Para suprir a falta de inspetores russos, o JCC propôs, com conhecimento de Moscovo, que as delegações turcas e da ONU fornecessem 10 equipas para inspecionar, hoje, 40 navios com autorização de saída, proposta que foi aceite pela Ucrânia.

Segundo o JCC, 112 navios de carga aguardam inspeção ao largo de Istambul.

O acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, que entrou em vigor a 01 de agosto e expira a 19 de novembro, permitiu exportar mais de 9,5 milhões de toneladas de cereais e outros géneros agrícolas, segundo o JCC.

 

JSD (ER) // APN

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