A recuperação do monumento vai "permitir a valorização, mas também dotar a ilha de mais um espaço de visitação dos turistas e dos nacionais, que é o ilhéu, mas com o Forte já reabilitado, algo extremamente valioso no contexto da diversificação da oferta turística da ilha da Boa Vista", considerou o presidente do Instituto do Património Cultural (IPC) cabo-verdiano, Jair Fernandes, no balanço de uma visita àquela ilha, na semana passada, para, entre outros pontos, constatar 'in loco' o andamento das obras de reabilitação e musealização do Forte Duque de Bragança.

Segundo o responsável, a intervenção já arrancou. O financiamento da requalificação desse monumento, avaliada em 4,2 milhões de escudos (38 mil euros), está garantido pela Direção Nacional do Ambiente, através do programa da Bio-Tur, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Câmara Municipal da Boa Vista.

De acordo com Jair Fernandes, será ainda criada uma comissão de gestão, que será liderada pelas organizações não-governamentais locais, para sensibilizar sobre as questões do ambiente e valorização desse ativo desta que é a segunda ilha mais procurada por turistas em Cabo Verde.

"Um circuito muito interessante, que é a visitação do museu e à frente o Forte Duque de Bragança e todo o ilhéu", descreveu Jair Fernandes, prevendo a conclusão dos trabalhos em fevereiro do próximo ano para ser entregue à comunidade e integrar a rota turística da ilha.

O forte, construído durante o período colonial português, em 1820, no ilhéu na baía do porto da vila de Sal Rei, tinha a função de defesa daquele ancoradouro contra os então frequentes ataques de piratas à ilha da Boa Vista.

No período da sua edificação, a ilha da Boa Vista exportava sal, algodão, gado e cal, entre outros produtos, tendo sido várias vezes saqueada por piratas entre os anos de 1815 a 1817, antes da construção.

Outro espaço que a ilha vai ganhar em breve é o Museu da Arqueologia Subaquática, que ficará no edifício da antiga alfândega, cujas obras de requalificação já se encontram "a todo o vapor" para estarem concluídas em dezembro.

Depois disso, o presidente do IPC avançou que passar-se-á à parte museográfica, com introdução dos conteúdos, sendo que a maioria está no Museu de Arqueologia da Praia, mas quase 60% dos naufrágios nos mares de Cabo Verde nos séculos XVI a XIX aconteceram nas águas da ilha da Boa Vista.

"Seria levar as peças ao seu destino original", salientou o dirigente, dando conta que também será criado o roteiro subaquático da ilha, tendo sido feitos os primeiros contactos com os parceiros locais, nomeadamente Instituto Marítimo e Portuário (IMP), Polícia Marítima, Câmara Municipal e Sociedade de Desenvolvimento Turístico da Boa Vista e Maio (SDTBM).

Jair Fernandes avançou que esta semana uma equipa das Canárias, Espanha, vai estar na ilha para fazer a prospeção para a finalização do roteiro, financiado pelo projeto Margulhar, e que vai permitir visitar os locais dos naufrágios.

"Empoderando os mergulhadores, as escolas, mas também uma cadeia que queremos associar com os operadores turísticos da Boa Vista", prosseguiu o mesmo responsável, para quem a partir do próximo ano a ilha estará mais bem servida em termos de ofertas turísticas.

Segundo o presidente do IPC, esteve ainda em discussão com as autoridades locais a Casa da Morna da localidade de Povoação Velha, cujo projeto está a ser preparado.

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