"O que nós devemos dizer para acalmar toda a sociedade é que a TSU deve ser vista como uma alteração profunda na administração pública. Como é uma alteração profunda, que envolve mais de 300 mil funcionários, é previsível e normal que neste processo possam ocorrer erros", disse Armindo Tiago, em declarações ao canal televisivo privado STV.
Em causa está a ameaça de greve nacional avançada na sexta-feira pela Associação Médica de Moçambique, que contesta irregularidades no enquadramento dos médicos na nova TSU, um problema levantado também por profissionais de outras áreas da função pública moçambicana.
Para o ministro da Saúde, as contestações da classe médica moçambicana são compressíveis, mas há uma comissão criada pelo legislador que recebe e analisa as queixas para encontrar soluções.
"Eu acredito que a comissão de enquadramento, criada no contexto da lei, vai analisar todas as questões que estão a ser colocadas e em tempo útil vai dar a resposta. Nós já tivemos um encontro com a associação e a Ordem dos Médicos e ficou patente que o diálogo é que vai garantir que todas as questões levantadas, em função das possibilidades, sejam resolvidas", acrescentou o governante.
Caso os problemas prevaleçam, segundo a Associação Médica de Moçambique, a greve nacional terá a duração de 21 dias prorrogáveis, com início às 07:00 do dia 07 de novembro.
"Lamentamos que se tenha de chegar a este ponto. Nós sempre [nos] pautámos pelo diálogo, mas em algum momento sentimos que estamos a ter um monólogo e não um diálogo. Nós enviamos cartas e não temos respostas, mas os nossos direitos e estatutos estão a ser violados", declarou à comunicação social, na quinta-feira, Milton Tatia, presidente do conselho de direção da Associação Médica de Moçambique.
Segundo a Ordem dos Médicos de Moçambique, há situações de profissionais que viram os seus salários baixarem com a aplicação da TSU, violando o princípio de irredutibilidade salarial.
A aprovação pelo parlamento e promulgação pelo Presidente da República da nova TSU ocorreram depois de o documento ter sido devolvido pelo executivo à Assembleia da República, na sequência da deteção de "inconformidades".
O Ministério da Economia e Finanças avançou que a implementação do novo modelo vai ter um impacto orçamental de 9,2 mil milhões de meticais (142 milhões de euros) nos primeiros seis meses.
A nova matriz salarial no Estado tem 21 níveis, entre 8.756 e 165.758 meticais (entre 134 e 2.580 euros), em vez de 103 escalões, como ocorria anteriormente.
EYAC // TDI
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