O Governo estima que em 2019 o crescimento do PIB tenha sido de 1,9%, em linha com as previsões da OCDE, FMI e Conselho das Finanças Públicas. Apenas o Banco de Portugal previu, em dezembro de 2019, um crescimento de 2,0% da economia portuguesa para o ano passado.
Já em relação a este ano as previsões são menos otimistas, a Comissão Europeia manteve a estimativa de crescimento da economia portuguesa em 1,7%, duas décimas abaixo das previsões do Governo, bem como para 2021, de acordo com as previsões económicas de inverno hoje divulgadas.
Bruxelas estimou ainda em 0,4% o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), em cadeia, no último trimestre de 2019, prevendo que esse valor se mantenha nos três primeiros trimestres deste ano, até à subida para 0,5% no último trimestre de 2020.
Relativamente à inflação, a Comissão Europeia reviu em baixa a aceleração dos preços quer em 2020 quer em 2021, atualizando para 1,0% e 1,3%, respetivamente, diminuições em uma décima face às previsões feitas em novembro.
De acordo com a análise feita a Portugal pelo executivo europeu, nas previsões hoje conhecidas, "é projetado que a procura doméstica permaneça como o maior fator de crescimento no período em análise, ao passo que é esperado que a balança comercial tenha uma influência negativa amplamente estável".
As estimativas de Bruxelas para o crescimento económico deste ano, mantidas face ao projetado em novembro de 2019, estão em linha com as do Banco de Portugal e do Conselho das Finanças Públicas (CFP).
Apenas o Fundo Monetário Internacional (FMI) é mais pessimista relativamente a 2020, prevendo uma aceleração do PIB de 1,6% em 2020, mas tanto a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), com 1,8%, como o Ministério das Finanças, com 1,9%, estão mais otimistas face aos desenvolvimentos da economia portuguesa.
Para 2021, as previsões da Comissão Europeia, de um crescimento de 1,7%, estão em linha com as da OCDE e CFP, mas o Banco de Portugal (1,6%) e o FMI (1,5%) são mais pessimistas.
Quanto à inflação, Bruxelas denota que a descida de 1,2% em 2018 para 0,3% em 2019, "significativamente abaixo da média da zona euro", refletiu "a queda nos preços da energia, incluindo flutuações nos preços do petróleo, mas também várias mudanças regulatórias que afetaram as contas da eletricidade".
"Adicionalmente, a inflação foi atenuada pelos preços de atividades relacionadas com o turismo, sobretudo hotelaria, bem como maiores constrangimentos regulatórios nos preços dos transportes públicos, educação e telecomunicações", assinala o documento da instituição europeia.
A Comissão destaca que "os preços da habitação continuaram a crescer ao ritmo rápido de 10%", e que "apesar do crescimento dos salários ser estimado em cerca de 3% em 2019, o seu impacto na inflação permaneceu limitado devido ao abrandamento do crescimento do emprego".
Para 2020 e 2021, Bruxelas tem em conta "o desaparecimento gradual dos mencionados efeitos regulatórios e o esperado ritmo moderado do crescimento dos salários" para estimar a subida para 1,0% em 2020 e 1,3% em 2021.
As previsões de inflação para 2020 são de 0,5% para a OCDE, 0,6% para o CFP, 0,9% para o Banco de Portugal, 1,1% para o Ministério das Finanças e 1,2% para o FMI.
Em 2021, os preços deverão aumentar 1,0% segundo a OCDE, 1,1% segundo o CFP, 1,2% segundo o Banco de Portugal e 1,3% segundo o FMI.
Bruxelas prevê crescimento estável na zona euro até 2021
Em causa estão as previsões económicas intercalares de inverno do executivo comunitário, hoje divulgadas em Bruxelas, que apontam para um “crescimento constante e moderado” de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2021 na área do euro, mantendo inalteradas as anteriores projeções do outono do ano passado.
Bruxelas explica no documento que “as perspetivas para 2020 e 2021 permanecem inalteradas desde o outono porque os desenvolvimentos positivos estão a ser contrabalançados com eventos negativos”.
Assim, apesar de realçar a “criação contínua de emprego, o crescimento robusto dos salários e uma combinação das políticas [monetárias] de apoio”, o executivo comunitário admite que “o ambiente externo continua desafiador”, gerando então esta situação de estabilidade.
Um dos principais fatores externos desfavoráveis apontados por Bruxelas é o surto do novo coronavírus, que “gerou incertezas sobre as perspetivas de curto prazo da economia chinesa e sobre o grau de rutura nas fronteiras num momento em que a atividade de manufatura a nível global permanece em níveis cíclicos baixos”, de acordo com o documento.
A Comissão Europeia avisa que, “quanto mais tempo [o surto] dura, maior a probabilidade de existirem efeitos indiretos sobre o sentimento económico e as condições de financiamento global”.
Também a incerteza nas relações comerciais entre Bruxelas e Londres, após o ‘Brexit’, pesou nesta equação, adianta o executivo comunitário.
As previsões da Comissão Europeia hoje conhecidas antecipam a publicação dos dados relativos ao Produto Interno Bruto de 2019 por parte do Instituto Nacional de Estatística (INE), que serão publicados na sexta-feira.
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