Escreve o semanário Expresso, que avança com a noticia, que Fernando Pinto deixará de ser presidente executivo da companhia de bandeira portuguesa a partir de 31 de janeiro. A saída, que será hoje comunicada aos colaboradores, acontece depois de 17 anos na liderança da empresa.
Na sequência desta saída, Antonoaldo Neves vai assumir a função de presidente executivo da TAP. Trata-se do ex-presidente executivo da companhia aérea brasileira Azul, de David Neelman. Antonoaldo Neves, de 42 anos, não é novo na TAP, uma vez que já integrava a comissão executiva da companhia portuguesa.
Numa carta dirigida aos funcionários da companhia aérea portuguesa, Fernando Pinto afirma estar “absolutamente seguro de que com a liderança de Antonoaldo, a TAP continuará neste incrível processo de crescimento. Assim, o meu sentimento hoje é de absoluta realização profissional e pessoal. De missão cumprida. A empresa está no bom caminho e sinto-me plenamente realizado”, lê-se na missiva.
Na carta iniciada com a expressão “caros colegas”, Fernando Pinto diz que é com “grande orgulho” que comunica a sua saída “em breve” da direção executiva da TAP, onde esteve 17 anos e permanecerá como assessor “nos próximos dois anos”.
No texto de 15 parágrafos, o ainda responsável da TAP multiplica elogios aos trabalhadores da empresa, que é “três vezes maior” do que à sua chegada e que “cresceu muito também nestes dois anos de privatização”. “O nosso caminho é crescer. E irei acompanhar esse crescimento de perto, uma vez que continuarei ligado à companhia nos próximos dois anos enquanto assessor da TAP. Não é assim, nem jamais será, um adeus”, lê-se ainda na carta.
Fernando Pinto recordou ter chegado com a missão de privatizar a empresa, que se revelou como um “processo difícil, feito de muitos obstáculos e dificuldades”. Devido a “constrangimentos de ordem financeira que impunham a privatização”, a TAP foi obrigada a sobreviver por 15 anos: “sobreviver à falta absoluta de capital, às imensas flutuações cambiais, à reestruturação da frota e, por fim, à chegada das low cost (baixo custo)”.
Para responder a este cenário, a estratégia foi “olhar além-fronteiras e tirar partido da posição geográfica do ‘hub’ (plataforma) de Lisboa”, tornando a TAP “líder nas ligações entre a Europa e o Brasil”. Outro caminho foi entrar na Star Alliance. Com a privatização há dois anos, iniciou-se um “novo ciclo”, com a empresa a atingir “resultados históricos sucessivos e a sua saúde financeira é cada vez mais uma realidade”, fechando 2017 com 4 milhões de passageiros.
Sobre a proposta dos acionistas da Atlantic Gateway de Antonoaldo Neves tornar-se CEO da TAP, após a aprovação em assembleia-geral no próximo dia 31, Fernando Pinto manifestou o seu entusiasmo e contentamento. “Não podia estar mais contente e entusiasmado com esta escolha para assumir os destinos da TAP. É a pessoa certa, e pela qual tenho grande admiração”, garante o dirigente, recordando que convidou o agora seu sucessor para “ajudar no programa de crescimento” lançado há dois anos. “É um profissional com grande know how no setor (…) Além disso, temos mais em comum: o Antonoaldo, tal como eu, tem antepassados do Norte e também tem cidadania portuguesa”, referiu ainda Fernando Pinto.
A saída de Fernando Pinto não é inesperada. Questionado sobre a renovação do seu mandado, em dezembro do ano passado, o gestor disse que nada estava definido. "A decisão é dos acionistas", afirmou num encontro com os jornalistas. "São 17 anos na TAP, o que é muito bom, mas eu cheguei aqui com uma missão que era privatizar a companhia e isso foi feito há dois anos. Pediram-me para continuar para haver uma estabilização durante o processo de transição da privatização, que é hoje um grande sucesso", afirmou, à data, o gestor. O responsável acrescentou ainda que nesses 17 anos, "15 foram de sobrevivência" da companhia e os últimos dois anos, então, "de transição".
A 25 de novembro, em Macau, o administrador não executivo da TAP Diogo Lacerda Machado disse que o acionista Estado "gosta muito" do presidente executivo da transportadora aérea, Fernando Pinto, mas que, reconhecendo-lhe todo o mérito, este responsável sairá da empresa "quando entender".
"O engenheiro Fernando Pinto é uma pessoa que merece toda a nossa admiração e reconhecimento, e a nossa homenagem. Sou um admirador incondicional. O que ele e a equipa dele fizeram pela TAP nestes 17 anos é absolutamente extraordinário: Sem capital, sem fundos próprios e com uma enorme dificuldade, com o lastro de um passivo que vem desde 1998, e conseguir privatizar a companhia", disse o responsável em Macau, à margem do 43.º Congresso Nacional das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). Quando questionado sobre uma eventual sucessão de Fernando Pinto na presidência executiva, o administrador nomeado pelo acionista Estado afirmou: "O engenheiro Fernando Pinto tem direito a sair quando quiser e como quiser".
Em 19 de outubro, em Lisboa, quando a mesma pergunta foi feita a David Neeleman, empresário que integra o consórcio Atlantic Gateway (que, por sua vez, com Humberto Pedrosa, detém 45% da TAP), este respondeu que – caso Fernando Pinto queira manter-se - "há sempre um lugar na TAP”.
À data, questionado sobre uma possível nomeação de Antonoaldo Neves, que veio da companhia aérea Azul em 2017 para a Comissão Executiva e, consequentemente, para o Conselho de Administração, da TAP, no lugar de Trey Urbahn, Neelman disse que este responsável "é um homem que provou no Brasil e na Azul".
"É um perfil interessante, uma pessoa do setor e, como sabem, o que está, essencialmente, acertado entre o Estado e os privados, é que a gestão quotidiana, que concretiza o objeto estratégico, o objeto de ajustamento e de acordo, é muito confiável aos privados. O Estado tem possibilidade de se pronunciar, mas sendo uma pessoa do setor, admito que possa ser uma opção por parte dos privados e não quero crer que haja qualquer problema por parte do Estado".
A saída de Fernando Pinto da companhia aérea vinha a ser noticiada desde o verão de 2016.
A TAP transportou 14,274 milhões de passageiros em 2017, um crescimento de 21,7% face ao ano anterior. No período de referência, a companhia aérea transportou mais 2,55 milhões de passageiros do que em 2016.
“A Ponte aérea Lisboa - Porto foi a rota na qual a TAP transportou mais passageiros em 2017, atingindo um total de 726 mil, mais oito por cento que em 2016”, adiantou a empresa, em comunicado.
Até dezembro, a taxa de ocupação registou um crescimento de 4,3 pontos percentuais para 82,9%.
Segundo a companhia, as rotas europeias foram as que mais contribuíram para os valores obtidos, registando, no total dos 12 meses, 8,7 milhões de passageiros, mais 22% que em 2016.
No mercado norte-americano, a TAP registou um crescimento de 54,5% no número de passageiros transportados para 729 mil, o que se traduz num aumento de 257 mil viajantes face a 2016.
As ligações para o Brasil subiram 14% para 1,6 milhões de passageiros.
“O marco de mais de um milhão de passageiros foi, pela primeira vez, superado nas ligações entre o continente e a Madeira e Açores, que tiveram um aumento do número de passageiros de 18,9% (ou mais 183 mil passageiros), atingindo um acumulado anual de 1,15 milhões. Destaque ainda para as rotas africanas, nas quais a TAP superou, também pela primeira vez, o milhão de passageiros transportados num ano, um aumento de 233 mil, ou mais 29 por cento”, acrescentou a companhia aérea.
Conforme indica a mesma fonte, o transporte de carga também registou uma subida, com a TAP Cargo a transportar mais de 78 mil toneladas de carga e correio, um aumento de 25% em comparação com o ano anterior. No total, 80% da mercadoria transportada teve origem nos mercados fora de Portugal.
(Notícia atualizada às 12h32)
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