A informação consta de um comunicado enviado hoje à agência Lusa pela Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), no qual a empresa estatal liderada por Carlos Saturnino afirma estar “fortemente empenhada na consolidação das premissas que deverão sustentar todo o processo de regeneração pretendido para a petrolífera nacional”.
Para o efeito, refere o comunicado, “têm sido equacionadas uma série de medidas” para “direcionar a Sonangol, essencialmente, para o seu ‘core business'”. Ou seja, lê-se, “assegurando fundamentalmente que o seu foco seja a pesquisa, exploração e produção de hidrocarbonetos, bem como de outras atividades da cadeia de valor do petróleo e do gás, tais como a refinação, o transporte, a armazenagem e a distribuição e comercialização de derivados daqueles”.
Em concreto, a petrolífera refere que algumas das ações em curso passam “pela venda, total ou parcial, de interesses participativos que a empresa detém em blocos petrolíferos”, bem como “de outros ativos” – que não especifica -, para “alavancar novas iniciativas, na busca de ganhos de eficiência e aumento da rentabilidade dos seus ativos”.
“Os referidos atos em nada contrariam os propósitos já referidos, nem subvertem a visão e a missão da Sonangol, que estão em linha com a sua natureza, enquanto empresa vocacionada à exploração e produção de petróleo e gás”, sublinha a petrolífera.
A Sonangol tem em curso desde abril o processo de venda das participações que detém nos blocos 20/11 e 21/09, no ‘offshore’ angolano, a concluir até 30 de setembro.
A Sonangol é o maior grupo empresarial angolano, com perto de 10.000 trabalhadores diretos e subsidiárias na área do transporte aéreo, telecomunicações, imobiliário e distribuição de combustíveis, entre outros, tendo ainda participações em várias empresas e bancos.
Em Portugal, a Sonangol tem participações diretas e indiretas no Millennium BCP e na Galp.
O presidente do conselho de administração da Sonangol, Carlos Saturnino, anunciou a 28 de junho que o Governo angolano já tem em mãos uma proposta com a lista inicial das primeiras empresas daquele grupo empresarial petrolífero a privatizar, em duas fases.
“Nós vamos privatizar uma série de empresas. Posso anunciar aqui aos senhores que a Sonangol, faz duas semanas, entregou ao senhor ministro dos Recursos Minerais e Petróleos uma lista das primeiras entidades que pretende que saiam do universo da Sonangol”, disse Carlos Saturnino, sem identificar as empresas a privatizar.
A informação foi prestada pelo administrador da Sonangol durante a reunião do conselho consultivo alargado do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, tendo acrescentado na ocasião que se segue uma segunda fase de privatizações, ao abrigo do programa de regeneração do grupo petrolífero.
Explicou que a Sonangol, atualmente, “desenvolve atividades, faz investimentos e tem negócios” utilizando essencialmente “quatro canais”, como a Exploração Petrolífera, através das 19 subsidiárias sobretudo fora da atividade principal, também com ‘join-ventures’ ou associações com empresas especializadas para serviços de suporte à atividade petrolífera – na ordem de “mais de 100″ – e, por último, com fundos de investimento.
“Com base nisso, nós precisamos de ver que a Sonangol hoje é uma organização muito grande, pesada, com muita burocracia em termos de tomada de decisão, e naturalmente não é ágil”, acrescentou Carlos Saturnino, para justificar a necessidade deste programa de regeneração do grupo petrolífero.
Em cima da mesa, admitiu, está desde logo a possibilidade de a Sonangol reduzir a percentagem que detém em cada um dos blocos petrolíferos em Angola, mas também analisar a existência de cada uma das subsidiárias, “para ver se faz sentido o trabalho que desempenha hoje”.
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