“O que vimos foram os bancos centrais a providenciar liquidez ampla. Oito biliões de dólares [cerca de 7,3 biliões de euros] de medidas orçamentais. Portanto, a nossa mensagem é: gastem tanto quanto puderem, mas guardem os recibos. Não queremos que a contabilidade e a transparência sejam relegadas nesta crise”, disse Kristalina Georgieva numa teleconferência de imprensa do FMI sobre as Perspetivas Económicas Mundiais.
A diretora-geral do FMI pediu para se assegurar que “os apoios para as famílias e empresas existam durante estes meses de economia parada”, sendo medidas como transferências de dinheiro, apoios aos crédito ou mudança de condições do serviço da dívida “todas importantes para assegurar que o sistema financeiro continua a funcionar”.
A responsável máxima pela instituição sediada em Washington apelou também para que os países se preparem para a recuperação.
“Trabalhem com os profissionais de saúde para saber como é que uma reabertura pode acontecer da melhor forma. Estejam também preparados para estímulos orçamentais quando for tempo, quando a procura aumentar e a economia voltar”, apelou a economista búlgara.
Kristalina Georgieva fez ainda referência aos desafios futuros, na fase de recuperação “do outro lado desta crise”, como “níveis de dívida elevados, falências, desemprego e aumento da desigualdade”, apelando à tomada de medidas “agora” para contrariar tais cenários.
Para o FMI, “tudo está em cima da mesa” em termos de apoio aos países, enfatizou a diretora-geral, garantindo que para já a instituição “está a fazer tudo o que pode com os recursos que tem”.
Relativamente ao contexto europeu e às medidas já anunciadas no continente, a responsável disse que se está a assistir “a uma tremenda mobilização entre o Banco Central Europeu (BCE), os governos europeus e as instituições europeias” na resposta à crise da covid-19.
“A Europa é particularmente afetada, as projeções para o próximo ano são sombrias, e, ao mesmo tempo, [as instituições] estão a ir para a frente com tudo o que têm para lutar contra a crise. É um momento para a solidariedade europeia e é isso que os cidadãos europeus esperam dos seus governos e das suas instituições”, salientou a responsável búlgara.
Kristalina Georgieva saudou ainda o acordo do G20 quanto à suspensão temporária, por 12 meses, do pagamento de dívidas por parte dos países mais pobres.
A economia da zona euro deverá ter uma recessão de 7,5% este ano, de acordo com o FMI, recuperando depois para um crescimento de 4,7%, e a taxa de desemprego agregada dos 19 países deverá subir dos 7,6% para os 10,4%, descendo depois para os 8,9% em 2021.
O FMI prevê ainda que a economia mundial tenha uma recessão de 3% em 2020, fruto do apelidado “Grande Confinamento” devido à pandemia de covid-19.
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