"Há uma palavra para este Orçamento do Estado. Ele é desilusão. Não desilusão do Bloco de Esquerda (BE), mas desilusão para um país que precisa de um Orçamento dp Estado que resolva os problemas que tem", disse Catarina Martins.
Segundo a coordenadora do BE, que falava para os mais de cem militantes do partido reunidos hoje no jantar comício de fim de ano, no Mercado Ferreira Borges, no Porto, a proposta "não responde aos problemas concretos das pessoas", nomeadamente, no trabalho, salários, pensões, investimento, transporte, habitação, educação e saúde.
Catarina Martins sublinhou igualmente que o documento, além de não incluir algumas das propostas que o Bloco de Esquerda defende, "não tem aquilo que o Partido Socialista prometeu na campanha eleitoral", dando como exemplo o caso da habitação e dos salários.
"O investimento que o Governo prevê fazer na habitação não chega para responder às famílias mais vulneráveis com as quais havia um compromisso (...). A proposta que é feita para as atualizações dos salários dos trabalhadores do Estado é inferior ao que o Governo do PS tinha escrito há seis meses no programa de estabilidade", frisou.
Para a coordenadora do BE, a proposta também não pode ser apelidada de "orçamento de continuidade", uma vez que "tenta travar as conquistas" obtidas na última legislatura.
"Um orçamento de continuidade seria (…) um orçamento para resolver os problemas e para aplicar de forma determinada o que aprovámos nos últimos quatro anos”, declarou, referindo tratar-se de uma proposta “de generalidades que não olha para os problemas ou que tenta travar as conquistas na saúde, na habitação ou nos transportes".
Catarina Martins reiterou que o PS não tem maioria absoluta e que, nesse sentido, têm de ser "procuradas soluções", o que já tinha dito de manhã, após uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"E, finalmente, é preciso dizê-lo, o Partido Socialista fez um orçamento julgando que tem maioria absoluta e não tem (...). Não é por capricho que dizemos que um orçamento assim não serve o país, é por necessidade absoluta de responder às pessoas deste país, que é esse o nosso compromisso, é esse o nosso mandato, é essa a nossa responsabilidade. Não está tudo bem. Não podemos ter um orçamento faz de conta que já foi tudo feito e congela o país", defendeu.
A líder do BE garantiu que o partido continua de "cabeça erguida" na luta por um "país mais justo"
"Não está tudo feito e o Bloco de Esquerda aqui estará, com a responsabilidade de sempre, com a paciência de sempre, mas com toda a determinação para responder pela vida concreta da gente deste país (...). E 2020 será com a força de quem tem a determinação, de quem não se resigna, de quem não aceita chantagens, mas também de quem não desiste", concluiu.
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