O projeto chama-se Beesweet e nasce “da paixão gigante” das primas Ana Pais e Carla Pereira pelo mel. Paixão essa que já vem de família e agora toma um novo rumo. Contudo, nem sempre foi esta a via escolhida. “Iniciámos a nossa atividade académica normal e posteriormente profissional, eu na área do turismo e a Carla na área da qualidade e entretanto vimos as nossas vidas um bocadinho apagadas, porque realmente não estávamos a fazer aquilo que realmente gostávamos”, confidencia Ana.

E foi aí que tudo mudou. “Resolvemos começar a pensar no que seria o nosso sonho, que tinha a ver com trabalhar com abelhas e com o mel e de que forma poderíamos abordar o mercado. Durante um ano, estudámos aquilo que seria o nosso modelo de negócio. Visitámos clientes, fomos a lojas, vimos as marcas, os preços e começou a nascer o que podia ser o nosso produto”, continua.

As ideias foram — e são — muitas e era preciso começar a arregaçar as mangas. “Queríamos inovar, principalmente em duas áreas. Na embalagem — diferente bonita, prática de utilizar — e, por outro lado, no próprio produto — queríamos uma gama de diferentes sabores, tudo criado de forma natural recorrendo a diferentes ervas aromáticas e a matérias-primas naturais”.

Depois de várias experiências chegam os primeiros sabores, todos eles pensados ao pormenor, do nome ao número. “O primeiro foi o de limão, o Nº1 Citrus. Também os números associados ao produto têm um significado. O Nº 5 Winter é o cinco porque o número invoca o inverno, o bosque, a liberdade, a energia, o orvalho; e é Winter porque é um mel menta, balsâmico. É importante referir que todos os produtos criados têm um carácter, um característica individual. Temos clientes que preferem mais o Winter ao Fire, que é um mel intenso, picante, que combina muito bem com queijos e que nos leva a viajar nos sabores. Queremos que sejam combinações dinâmicas”, explica Ana.

Contudo, este projeto também tem uma missão social que o diferencia do mercado. “Nós percebemos que existe aqui uma lacuna grave no que toca à abelha e ao entendimento das pessoas, principalmente dos mais pequeninos, das crianças. Quisemos fazer algo, dar o nosso contributo à comunidade e à sociedade. O que fazemos são palestras em escolas, municípios, infantários, onde explicamos a importância da abelha, de que forma podemos contribuir para protegê-la, com pequenos passos, pequenas iniciativas”, começa por dizer.

Com isto, a ideia é mudar mentalidades. E, com isso, fazer a diferença no dia-a-dia. “Retiramos toda esta mentalidade que existe ainda muito nos nossos miúdos de que a abelha pica, faz mal e que não é amiga, contrariamente à realidade: nós sem abelhas estamos bem ‘feitos ao bife’, como se costuma dizer. Os miúdos não relacionam as abelhas e os alimentos, infelizmente”.

Nestas palestras, foi possível “perceber que 80% das crianças abordadas nos questionários não relacionavam as abelhas aos alimentos, à polinização”. Por isso, Ana e Carla saem de lá com a sensação de missão cumprida. “Vimos sempre de coração cheio quando podemos fazer uma intervenção destas, porque os miúdos ficam com um ideia diferente. Isto faz parte da nossa empresa, mesmo não sendo uma empresa social — é uma empresa privada — mas tem um contributo grande no que toca à missão social”, diz.

"Estamos muito contentes, é um produto nobre e 100% ecológico e bio. Substitui por completo as películas aderentes e podemos combater a utilização dos plásticos na cozinha"

A Beesweet tem também uma pareceria com uma empresa americana, comerciando o Bee’s Wrap, um invólucro orgânico substituto ao plástico. “Este produto tem exatamente o mesmo conceito que nós, falando de ecologia, de sustentabilidade, de reutilização. Contactámos diretamente a empresa e estabelecemos esta parceria conjunta e somos representantes dos Bee’s Wrap em Portugal e também já vendemos para o mercado externo, porque na Europa poucas empresas têm. Estamos muito contentes, é um produto nobre e 100% ecológico e bio. Substitui por completo as películas aderentes e podemos combater a utilização dos plásticos na cozinha”.

Para o futuro, a resposta é simples. O mel, apesar de já muito trabalhado, ainda tem mais a dar às pessoas. Aliás, as abelhas têm mais a dar. “A Beesweet não para, não só no que toca à empresa em si mas também no que toca à elaboração de novos produtos. Temos alguns na manga, obviamente e gostamos de fazer produtos em parceria. Lançámos agora o Bee Pólen, porque há necessidade de outros produtos que também saem da colmeia. O mel não é um produto único: podemos vender pólen, mel, cera de abelha”, explica Ana. “O objetivo é lançar muitos produtos novos, naturais, orgânicos, bons para a saúde e, claro, sempre a ver com o mel. O nosso sonho é que as pessoas possam viver experiências diferentes a nível de sabores, de sensações, através deste produto”, conclui.


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