“A Europa, como muitas outras regiões, está a registar um significativo aumento dos preços da energia. O presidente decidiu, portanto, colocar este importante tema na ordem do dia da reunião do Conselho Europeu de 21-22 de outubro”, anunciou hoje o porta-voz de Charles Michel.
Numa informação à imprensa europeia em Bruxelas, Barend Leyts indicou que “os elevados preços da energia estão a colocar o poder de compra dos cidadãos [europeus] sob forte pressão”, já que surge durante a “recuperação em curso da pandemia de covid-19” e quando “muitas famílias ainda sentem o impacto da pandemia”.
“A curto prazo, precisamos de nos concentrar nas preocupações imediatas para as nossas famílias, indústria e pequenas e médias empresas. Isto é, em primeira instância, da responsabilidade dos Estados-membros, mas precisamos de discutir como a UE pode ajudar”, acrescentou o porta-voz, numa alusão à discussão que acontecerá no Conselho Europeu.
Barend Leyts apontou ainda que “a situação atual sublinha ainda mais a importância de determinar um caminho ambicioso e realista para o cumprimento dos objetivos climáticos coletivos para 2030 e 2050”, demonstrando que, “a médio e longo prazo, é necessário continuar a aumentar significativamente o investimento em inovação e energia limpa”.
Em causa está o aumento acentuado dos preços da eletricidade nos últimos meses devido às subidas nos preços globais do gás.
A Comissão Europeia irá emitir, nas próximas semanas, diretrizes para ajudar os Estados-membros a lidar, dentro do âmbito dos atuais regulamentos da UE, com esta situação.
Irá tratar-se de uma “caixa de ferramentas que dará aos Estados-membros o que eles precisam para poderem tomar medidas ao nível nacional”, indicou na semana passada o porta-voz do executivo comunitário para a área da Energia, Tim McPhie.
Na altura, Tim McPhie indicou que “há uma série de instrumentos que os Estados-membros podem adotar para lidar com a questão do aumento dos preços [da eletricidade], como impostos especiais de consumo, medidas específicas que se aplicariam a agregados familiares e pequenas empresas vulneráveis e pobres em energia, bem como apoio direto aos consumidores”.
Antes, em meados de setembro, um grupo de cerca de 40 eurodeputados pediu à Comissão Europeia que investigasse a gigante energética russa Gazprom, acusando-a de cortar o fornecimento de gás através da Ucrânia para pressionar a Alemanha a aprovar mais rapidamente o gasoduto Nord Stream 2 através do Mar Báltico e levando a preços europeus mais elevados.
A Gazprom tem negado qualquer manipulação de mercado.
A subida dos preços ameaça exacerbar a pobreza em toda a UE, já que um estudo publicado pela Confederação Europeia de Sindicatos estima que quase três milhões de trabalhadores pobres da Europa "já não poderão pagar" as suas contas de aquecimento neste outono e neste inverno.
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