Numa visita a Montemor-o-Velho, um dos concelhos do distrito de Coimbra mais afetados pela tempestade, o líder do PCP sublinhou que, no quadro da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2019, deve haver "uma consideração de disponibilidade orçamental para acudir a esta situação".
Para Jerónimo de Sousa, o apoio aos agricultores do Baixo Mondego, zona caracterizada pela produção de milho e arroz, deve ser "um imperativo".
Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PCP notou que uma grande maioria dos seis mil hectares de milho da região corre o risco de se estragar.
"Tendo em conta que a Proteção Civil agiu de forma acertada, a grande questão agora é fazer o levantamento de prejuízos e apoiar particularmente os pequenos e médios empresários, os pequenos agricultores, que vivem com o coração nas mãos", disse.
Segundo Jerónimo de Sousa, o "drama" a que assistiu em Montemor-o-Velho "exige uma resposta rápida", considerando que o Governo pode aprender com a experiência das ajudas aos agricultores afetados pelos grandes incêndios de 2017.
"Houve uma experiência dolorosa em relação aos fogos. O Governo anunciou milhões, milhões e milhões e, recentemente, numa deslocação que fizemos a terras onde os incêndios lavraram, verifica-se que, afinal, o Governo pode ter atribuído milhões, mas para ali não foram. Há questões que têm que ser reavaliadas", vincou.
Nesse sentido, apontou para o caso concreto da Cooperativa Agrícola de Montemor-o-Velho, que teve um prejuízo de cerca de um milhão de euros, e que estará fora das medidas de apoio do Programa de Desenvolvimento Rural 2020.
A cooperativa, salientou, é "um elemento de salvação dos próprios agricultores. Sem a cooperativa, têm muita dificuldade em escoar o seu produto".
"Tem que haver uma resposta [aos agricultores afetados]. Estamos a falar da vida das pessoas. Um jovem agricultor que investiu tudo o que tinha na sua produção, sem apoios, só tem uma solução, que é ir embora do país", alertou.
A tempestade Leslie provocou 28 feridos ligeiros, 61 desalojados e quase 1.900 ocorrências comunicadas à Proteção Civil, de acordo com o balanço desta autoridade.
Dos 61 desalojados, 57 são do distrito de Coimbra.
De acordo com as estimativas dos vários municípios da região Centro afetados, os prejuízos são superiores a 80 milhões de euros.
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