Nas Contas Nacionais Trimestrais relativas ao terceiro trimestre deste ano hoje publicadas, o Instituto Nacional de Estatística (INE) refere que, neste período, a economia portuguesa registou "um aumento de 1,6% em volume”, que compara com uma variação de 0,9% nos dois trimestres anteriores.
Segundo o instituto, “o crescimento mais intenso do PIB [Produto Interno Bruto] refletiu sobretudo o aumento do contributo da procura externa líquida, que passou de 0,1 pontos percentuais [p.p.] no segundo trimestre para 0,7 p.p. em consequência da aceleração mais acentuada das exportações de bens e serviços comparativamente com a verificada nas importações de bens e serviços”.
Numa análise por componentes, o INE indica que "o contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou ligeiramente, passando de 0,8 pontos percentuais no segundo trimestre de 2016 para 0,9 pontos percentuais", observando-se uma aceleração das despesas de consumo final das famílias residentes para 1,9% (1,6% no trimestre anterior).
“Apesar de a FBCF [Formação Bruta de Capital Fixo] ter apresentado uma variação homóloga menos negativa no terceiro trimestre de 2016, o investimento registou uma diminuição homóloga mais acentuada que no trimestre anterior, refletindo o contributo negativo da variação de existências”, acrescenta.
Por sua vez, a variação homóloga do consumo público passou de 0,7% no segundo trimestre para 0,5%, “o que está associado em parte ao impacto da diminuição da duração do período normal de trabalho na Administração Pública de 40 para 35 horas semanais, que se traduziu num aumento do deflator da componente de remunerações e num efeito negativo em volume”.
Comparando o desempenho do terceiro trimestre com o do trimestre anterior, o INE aponta que "o PIB aumentou 0,8% em termos reais (0,3% no trimestre anterior)".
A contribuição da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB foi de 1,3 p.p. (contributo de -0,4 p.p. nos dois trimestres anteriores), verificando-se um crescimento das exportações de bens e serviços e uma diminuição das importações de bens e serviços.
Já a procura interna registou um contributo negativo de 0,4 p.p. para a variação em cadeia do PIB (contributo de 0,6 p.p. no trimestre precedente), observando-se uma redução do investimento e do consumo público, enquanto as despesas de consumo final das famílias residentes aumentaram.
O consumo privado aumentou 1,9% no terceiro trimestre deste ano em termos homólogos, ou seja, uma “taxa superior em 0,3 p.p. à observada no trimestre precedente", o que se deveu “à aceleração do consumo privado em bens não duradouros e serviços, que apresentou uma variação homóloga de 1,5% (1,0% no trimestre anterior)".
“Em sentido oposto”, o consumo de bens duradouros desacelerou, passando de uma variação homóloga de 7,9% no segundo trimestre para 6,2% “refletindo, em larga medida, a evolução da componente automóvel”.
Em comparação com o segundo trimestre de 2016, verificou-se que o consumo privado aumentou 0,5% entre julho e setembro, após uma diminuição de 0,1% no trimestre anterior.
No que se refere ao investimento, esta componente do produto “registou uma variação homóloga em volume mais negativa”, passando de -2,3% no segundo trimestre para -3,1%, refletindo o comportamento da variação de existências, que apresentou um contributo de -0,3 p.p. para a variação homóloga do PIB (contributo nulo no trimestre anterior).
Pelo contrário, a FBCF total registou uma diminuição homóloga “menos intensa” no terceiro trimestre, passando de -2,4% no trimestre anterior para -1,5%.
Segundo o INE, “o comportamento da FBCF em construção explicou, em grande medida, a diminuição da FBCF total verificada no terceiro trimestre, registando uma variação homóloga de -3,7% em termos reais, após ter diminuído 3,8% no segundo trimestre”.
Face ao segundo trimestre de 2016, o investimento total diminuiu 3,9% de julho a setembro, após a variação em cadeia de 4,1% registada no trimestre precedente, devido sobretudo ao comportamento da variação de existências.
A FBCF total passou de uma variação em cadeia de 0,3% no segundo trimestre para -1,0% no terceiro trimestre.
As exportações de bens e serviços em volume "passaram de uma variação homóloga de 1,8% no segundo trimestre para 5,4% no terceiro trimestre", um comportamento que resultou da aceleração das componentes de bens (5,7%, face a 2,5% no trimestre anterior, influenciadas em 0,6 p.p. pela venda de material militar) e de serviços (4,4%, face a -0,2% no segundo trimestre).
As importações, por seu lado, aumentaram 3,5% em termos homólogos, "acelerando face ao crescimento de 1,4% observado no trimestre precedente".
As importações de bens cresceram 3,9% em termos homólogos (1,9% no trimestre anterior) e as importações de serviços registaram uma taxa de variação homóloga de 1,3% (-1,4% no 2º trimestre de 2016).
Comparativamente com o segundo trimestre de 2016, as exportações totais aumentaram 2,5% em volume (variação em cadeia de 1,2% no segundo trimestre), enquanto as importações diminuíram 0,4% (aumento de 2,0% no trimestre anterior).
De acordo com o INE, o VAB (Valor Acrescentado Bruto) total a preços base passou de um crescimento homólogo de 0,5% no segundo trimestre para uma variação de 1,0% no terceiro trimestre.
O emprego para o conjunto dos ramos de atividade da economia, corrigido de sazonalidade, aumentou 2,2% homólogos no terceiro trimestre, após o aumento de 0,8% no trimestre anterior, enquanto o emprego remunerado (também corrigido de sazonalidade) aumentou 1,8% em termos homólogos, variação semelhante à do trimestre precedente.
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