José Manuel Lopes de Castro falava à Lusa a pouco menos de uma semana do encontro anual da Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel (Apigraf), que decorre a 11 e 12 de março, no Luso, e onde será feito um balanço de 2022, que fechou “positivo” e irão também falar dos 170 anos do associativismo gráfico.
O responsável considera que o setor tem de se preparar para este ano, consolidar e “ver se de facto vão sair medidas de apoio que estão a demorar”, apontando o PT2030.
“Já nem quero falar no PRR que está a tardar a chegar às empresas”, lamenta, referindo que o Plano de Recuperação e Resiliência ainda não chegou.
“Ainda não chegou, além da sua execução ser mínima, ser residual, às empresas ainda não chegou, o que é pena”, salienta.
Em 22 de fevereiro, o presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (CNA-PRR), Pedro Dominguinhos, disse, na apresentação do relatório de acompanhamento do programa, reportado a 2022, que tinham sido analisados 69 investimentos, 33 alinhados com o planeamento, 21 com necessário acompanhamento, 13 em estado preocupante e dois considerados como críticos.
A comissão identificou atrasos nas respostas às candidaturas, que chegaram a demorar 300 dias, e recomendou aceleração na avaliação de candidaturas.
No ano passado, “as exportações do país voltaram a subir”, o que mostra que “é com as empresas que o país tem que arranjar soluções para as crises, mas era preciso apoiá-las também”, refere José Manuel Lopes de Castro.
“É preciso que, quando há dinheiro vindo do exterior, seja de alguma forma equilibradamente distribuído. Neste momento, todas as empresas têm razões de queixa em relação ao PRR”, o setor gráfico incluído, insiste o responsável.
“Esperamos que saiam medidas para apoio”, sublinha o presidente da Apigraf.
A indústria gráfica tem, de uma forma transversal, desafios que vão desde a natureza ambiental, passando pela pegada de carbono, temas sérios que o setor “está a olhar com muito cuidado”.
Por exemplo, “a área da reciclagem está controlada, trabalhamos com matérias-primas recicladas na ordem dos 74%, 75% a nível europeu, mas há desafios interessantes, a internacionalização das nossas empresas que trabalham com o exterior”, que atualmente obriga a certificações que não são nada fáceis, aponta.
“Portanto, há aqui desafios que nós queremos começar obviamente a sensibilizar os nossos associados, que já estamos a fazer, vamos evoluir para ações de formação, estamos à procura de parceiros para essa formação, nacionais e internacionais, e isso, digamos, é um desafio e é transversal”, remata.
José Manuel Lopes de Castro considera que “2023 vai ser interessante”, um ano em que “as empresas têm que olhar de frente para estas questões, até porque há legislação permanentemente a sair, algumas de difícil compreensão, [que] criam custos de contexto elevados”.
E cita o exemplo dos 30 cêntimos aplicados à embalagem de uso único, “que custa mais do que a embalagem propriamente dita”.
Mas isso, acrescenta, “é o diálogo entre confederações, associações, Governo e esse diálogo está a existir, de certa forma, da nossa parte, empresas, temos que responder a essas exigências que cada vez mais o mercado está a pedir”, conclui.
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