A Galp pretende assegurar uma posição de 10% do capital nas subsidiárias portuguesas da Savannah que detêm a Mina do Barroso por 6,4 milhões de dólares [5,26 milhões de euros], valor que vai ser usado para dar continuidade aos trabalhos com vista ao estudo definitivo de viabilidade [‘Definitive Feasibility Study ("DFS")] do projeto, após as devidas autorizações e a conclusão dos acordos definitivos com vista à parceria”, lê-se no comunicado enviado pela empresa mineira britânica à bolsa de Londres.
Segundo salienta a Savannah, “a presença e a experiência estratégicas da Galp no setor energético português e europeu serão uma significativa mais-valia para levar o projeto até à fase de produção”.
“A Galp vai acrescentar valor material através da sua participação na administração do projeto e da transferência da sua significativa experiência no desenvolvimento de projetos de recursos de larga escala em Portugal”, sustenta.
Questionada pela agência Lusa, a Galp não fez comentários.
No âmbito da aliança agora anunciada, a Galp e a Savannah propõem-se ainda “avaliar, em regime de exclusividade, um contrato de retirada de até 100 mil toneladas anuais de concentrado de lítio da Mina do Barroso, equivalentes a aproximadamente 50% da produção anual”.
Nos termos do comunicado hoje divulgado, “o acordo representa um avanço significativo na comercialização da Mina do Barroso e será um importante fator de garantia de financiamento para a construção do projeto”.
“Estamos muito satisfeitos por anunciar a Galp como um potencial investir um futuro parceiro estratégico no nosso projeto português. Acreditamos que a baixa pegada de carbono do concentrado de lítio da Mina do Barroso terá um papel chave na transição energética da Europa para a mobilidade elétrica e é com satisfação que nos juntamos à Galp nesta jornada”, afirma o presidente executivo da Savannah, citado no comunicado.
Apresentando a Galp como “uma das empresas europeias líderes na área da energia e das renováveis, comprometida na transição energética e com uma vasta experiência no desenvolvimento de projetos de larga escala”, como o da Mina do Barroso, David Archer considera que o “conhecimento e experiência” da empresa portuguesa “serão essenciais para o progressivo desenvolvimento responsável e sustentável do projeto”.
“A perspetiva de ter a Galp como parceiro em Portugal é ainda mais aliciante dadas as suas excecionais credenciais ESG [de gestão ambiental, social e corporativa, do inglês ‘Environmental, Social and Corporate Governance’], ao ter sido considerada pelo ‘Climate Disclosure Project’ como umas empresas energéticas que mais eficientemente implementa as melhores práticas na área da transição climática”, refere.
Considerando que tal “resulta do equilíbrio assegurado pela Galp no seu portefólio através de modelos de negócio, produtos e serviços de baixas emissões”, o CEO reitera a sua “satisfação” pelo facto de a empresa portuguesa ter “reconhecido a Savannah como um parceiro com objetivos similares”.
“A Mina do Barroso irá assegurar importantes benefícios económicos, sociais, demográficos e ambientais para a região, para Portugal e para a Europa. O projeto irá assumir-se, em particular, como um catalisador para o desenvolvimento em Portugal de potenciais novas indústrias a montante e a jusante do ecossistema europeu de baterias de iões de lítio”, sustenta.
“Entretanto – acrescenta David Archer – continuaremos a avançar com o estudo definitivo viabilidade da Mina do Barroso e a fornecer a informação que for solicitada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”.
A Savannah Resources é uma empresa britânica de prospeção mineira cotada na Bolsa de Valores de Londres e com projetos em Omã (de cobre), em Moçambique (de areias minerais) e Portugal (lítio).
Em maio de 2017, a Savannah adquiriu a Slipstream Resources Portugal, onde se incluem as concessões de lítio da empresa em Portugal, para desenvolver o projeto mineiro na região do Barroso, no concelho de Boticas, detendo a Mina do Barroso a 100% desde junho de 2019.
Com um investimento total estimado na ordem dos 110 milhões de euros e a criação prevista de 215 empregos diretos e 500/600 indiretos, o projeto de exploração de lítio em Boticas aguarda ainda decisão quanto à avaliação de impacte ambiental, mas tem vindo a ser contestado pela população local que criou a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) para lutar contra a mina.
(Notícia atualizada às 12:18)
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