De acordo com a atualização das projeções económicas mundiais, divulgadas hoje, a instituição liderada por Kristalina Georgieva vê a economia mundial a crescer 3,6% este ano e em 2023, um corte de 0,8 pp e de 0,2 pp, respetivamente, em comparação com as previsões de janeiro.
A desaceleração do crescimento face aos 6,1% em 2021 assume que o conflito na Ucrânia permanece confinado ao país, que as novas sanções à Rússia não abrangem o setor de energia e os impactos económicos e de saúde da pandemia diminuem ao longo de 2022.
“A guerra na Ucrânia desencadeou uma crise humanitária dispendiosa que, sem uma solução rápida e pacífica, pode tornar-se esmagadora. O crescimento global deverá desacelerar significativamente em 2022, em grande parte como uma consequência da guerra”, assinala a instituição de Bretton Woods.
Entre as principais economias mundiais, os EUA deverão crescer 3,7% este ano, assim como o Reino Unido, e a China 4,4%, enquanto para a zona euro prevê uma expansão de 2,8% e para a Índia de 8,2%.
Segundo o FMI, uma forte queda de dois dígitos no Produto Interno Bruto (PIB) é esperada na Ucrânia (-35%), sendo também projetada uma profunda contração para a Rússia devido às sanções económicas (-8,5%).
O FMI alerta que os custos económicos da guerra deverão chegar aos restantes países através dos mercados de ‘commodities’ (matérias-primas), do comércio e, em menor grau, das interligações financeiras, salientando que os aumentos de preços de combustíveis e alimentos já estão a ter impacto a nível global.
“A guerra também aumentou a já elevada incerteza sobre o panorama global”, adverte o relatório, que sublinha que, embora muitos países pareçam estar a ultrapassar a fase mais aguda da pandemia, podem surgir novas variantes.
Além da guerra na Ucrânia, o FMI identifica ainda o aperto da política monetária e a volatilidade do mercado financeiro, bem como a retirada do apoio orçamental, o desacelerar da China e o acesso às vacinas contra a covid-19 como condicionantes das previsões no curto prazo.
Antecipa ainda que a inflação deverá permanecer elevada por mais tempo do que o previsto em janeiro, impulsionada pela guerra e pelos aumentos dos preços das ‘commodities’ e das pressões sobre os preços.
Para 2022, projeta uma inflação de 5,7% nas economias avançadas e 8,7% nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, considerando que, embora espere uma resolução gradual dos desequilíbrios entre a oferta e a procura e uma recuperação modesta na oferta de trabalho, a previsão está envolta em incerteza.
“Se surgirem sinais de que a inflação será alta no médio prazo, os bancos centrais serão forçados a reagir mais rápido do que o previsto atualmente — subindo as taxas de juros e expondo as vulnerabilidades da dívida, particularmente nos mercados emergentes”, refere o relatório.
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