“Quando se pertence a um clube e se decide ficar lá, é preciso respeitar as regras do clube”, avisou Christine Lagarde, à margem da assembleia anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que decorre até domingo, em Bali, na Indonésia.
Lagarde insistiu que existe uma grande “uma distância” entre a “retórica do Governo italiano e os números finais” do orçamento do país.
Roma apontou para um crescimento de 1,5%, enquanto o gabinete parlamentar do orçamento (UPB) previu um crescimento entre 1,1% e 1,3%, e outras instituições, como o FMI, anteciparam uma expansão de 1%.
Na terça-feira à noite, o UPB, organismo cuja missão é verificar a conformidade dos objetivos orçamentais com os parâmetros fixados pela UE, rejeitou as previsões do projeto de lei das finanças para 2019, considerando-as demasiado otimistas.
Na quarta-feira, na comissão parlamentar de Finanças italiana, o ministro que tutela a área, Giovanni Tria, disse que as previsões do UPB têm como base dados “parciais e obsoletos” e confirmou os números do governo, que prevê um défice de 2,4% no próximo ano.
O aviso do UPB é mais “um estímulo para agir do que uma razão para baixarmos as ambições” italianas, acrescentou.
Os dois vice-primeiros-ministros, Matteo Salvini, líder da Liga (extrema-direita) e Luigi Di Maio, dirigente do Movimento Cinco Estrelas (antissistema), também voltaram a defender o projeto orçamental, que suscitou críticas da Comissão Europeia, do Banco de Itália e do Tribunal de Contas.
“A lei de finanças não vai mudar”, repetiu Salvini. “Não vamos recuar porque é um orçamento que ajuda o país. Ponto”, insistiu.
No meio da preocupação em torno do orçamento, os juros da dívida de Itália têm vindo a subir nos últimos dias. O Estado italiano colocou hoje seis mil milhões de euros em obrigações do Tesouro a uma taxa de 0,949%, a mais alta em cinco anos e muito acima do verificado na última emissão, em setembro.
Nas próximas semanas, as agências de notação financeira Moody’s e S&P devem pronunciar-se sobre a dívida de Itália.
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