“A economia da Região Administrativa Especial de Macau [RAEM] iniciou uma importante transição”, considera, num comunicado, o chefe de uma missão do FMI que esteve no território de 03 a 14 de novembro e que irá produzir um relatório num prazo de três meses.
Geoff Gottlieb diz que perante a quebra de visitantes chineses com grande património, que se refletiu na contração do setor do jogo, “as autoridades abraçaram a oportunidade de avançar para um modelo económico” com fontes de receita “menos voláteis e mais sustentáveis”.
“As escolhas políticas tomadas durante o ‘boom'” permitem a Macau entrar nesta fase de transição com “uma posição de força”, considera, referindo, entre outros aspetos, um setor bancário com liquidez e “bem capitalizado”.
O desafio é agora aproveitar e canalizar esses “pontos fortes” para maximizar e apoiar “um crescimento estável e inclusivo a longo prazo”, acrescenta.
A perspetiva de médio prazo “continua forte”, afirma Geoff Gottlieb, sublinhando que apesar de este ser o terceiro ano consecutivo de queda do PIB de Macau, está já a recuperar a procura externa e as receitas dos casinos sobem há três meses seguidos, depois de mais de dois anos de recuo.
O chefe da missão do FMI realça ainda que se notam já sinais dessa inversão, como a “recuperação incipiente” nos preços das casas nos últimos meses.
Macau “está bem posicionado para ter um crescimento estável e sustentável” a médio prazo, reforça, apontando que além de o “seu monopólio do jogo” dentro da China ser “ainda altamente valioso”, a cidade é também “uma marca turística conhecida” no seio da grande e crescente classe média chinesa.
O técnico do FMI elogia, nestas considerações “preliminares”, o primeiro plano quinquenal de Macau, apresentado este ano, e diz que no documento as autoridades locais “identificam corretamente a importância da diversificação” do setor do jogo (para o tornar menos dependente do segmento VIP, dos grandes apostadores chineses), do turismo (para estar menos ligado ao jogo) e da exportação de serviços financeiros.
Em relação à diversificação do turismo, considera que “a maior prioridade” é haver investimento em infraestruturas adequadas para responder à nova procura.
O FMI insiste em que dadas as boas reservas financeiras, “existe espaço” para acomodar “os choques futuros” e volta a recomendar à região que opte por “um quadro orçamental de médio prazo”, que leve em conta o esperado menor protagonismo do jogo na economia e o envelhecimento da população, que se reflete no peso das pensões.
Por causa da contração do jogo, o PIB de Macau caiu 0,9 por cento em 2014, o primeiro recuo desde 1999, quando Portugal deixou de administrar o território e foi criada a Região Administrativa Especial de Macau, integrada na China.
Em 2015, o PIB caiu 20,3% e no primeiro semestre deste ano contraiu-se 10,3% em termos anuais homólogos.
O FMI antecipa que a economia de Macau caia 4,7% este ano e volte a crescer 0,2% em 2017, segundo estimativas reveladas no mês passado.
A anterior avaliação da economia de Macau pelo FMI foi em 2014, quando já recomendou ao Governo um enquadramento orçamental a médio prazo para incentivar disciplina e transparência financeiras e advertiu para os riscos do mercado imobiliário na região.
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