As novas estimativas constam da atualização ao ‘World Economic Outlook’ (WEO) do FMI, um relatório com previsões económicas mundiais divulgado hoje, e representam uma revisão em baixa de 0,1 pontos percentuais para 2019 e 2020 e de 0,2 pontos percentuais para 2021 face às anteriores previsões de outubro do ano passado.
“A revisão em baixa reflete sobretudo os resultados inesperados negativos da atividade económica em algumas economias de mercados emergentes, em particular a Índia, que levaram a uma reavaliação das perspetivas de crescimento dos próximos dois anos. Em alguns casos, esta reavaliação também reflete o impacto de uma maior insatisfação social”, explica a instituição liderada por Kristalina Georgieva.
Pela positiva, o FMI refere que “o sentimento dos mercados foi estimulado por sinais de que a atividade industrial e o comércio internacional estarão perto da retoma; por uma reorientação geral no sentido de uma política monetária acomodatícia; por notícias intermitentemente favoráveis acerca das negociações comerciais entre os EUA e a China; e por menos receios quanto a um ‘Brexit’ sem acordo”.
Estes fatores, sustenta, levaram a “algum recuo no contexto de exposição ao risco que prevalecia aquando da publicação do último relatório WEO, em outubro”, mas o facto é que “os dados macroeconómicos mundiais ainda não apontam sinais visíveis de que se esteja próximo de um ponto de inflexão”.
Segundo o FMI, embora a projeção de crescimento de base seja mais débil, a evolução desde o quatro trimestre de 2019 “deixa antever um conjunto de riscos para a atividade mundial menos tendentes a uma evolução negativa” que no anterior relatório de outubro de 2019.
“Estes primeiros sinais de estabilização podem persistir e eventualmente reforçar a ligação entre o consumo privado, que continua resiliente, e um aumento do investimento das empresas”, considera, acrescentando que “um impulso adicional poderá vir de uma dissipação das resistências idiossincráticas em mercados-chave emergentes, a par do efeito da flexibilização da política monetária”.
Ainda assim, o FMI adverte que “os riscos de deterioração continuam a ser consideráveis” e incluem a agudização das tensões geopolíticas, particularmente entre os EUA e o Irão, o aumento da instabilidade social, uma nova deterioração das relações entre os EUA e os seus parceiros comerciais e um aprofundamento das fricções económicas entre outros países.
“A materialização destes riscos poderia provocar uma rápida deterioração do sentimento, levando a uma queda do crescimento global abaixo das projeções”, alerta a instituição.
No relatório agora divulgado, o FMI defende que para fortalecer a atividade económica e prevenir os riscos “é indispensável uma cooperação multilateral mais sólida e uma combinação mais equilibrada das políticas nacionais dos vários países, tendo em conta a margem monetária e fiscal disponível”.
Os principais objetivos apontados continuam a ser “desenvolver a resiliência financeira, fortalecer o potencial de crescimento e fomentar a inclusão”, sendo necessária uma mais estreita cooperação transfronteiriça em diversas áreas para responder aos problemas de regulação do sistema comercial, reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e fortalecer a arquitetura tributária internacional.
Já as políticas a nível nacional devem “suportar oportunamente a procura conforme for necessário, valendo-se de ferramentas fiscais e monetárias segundo a margem de manobra disponível para a aplicação de políticas”.
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