“Há poucos dias o ministro das Finanças afastava a possibilidade de baixar o IVA dos produtos alimentares, na quarta-feira o primeiro-ministro vai ao parlamento e afirma que está a estudar essa possibilidade e na sexta-feira apresentar um 'PowerPoint', mas ainda não se sabe qual é o desenho final dessa descida […], estamos perante um Governo insensível, relapso, inconsistente e incoerente”, advogou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas, no Luxemburgo.
O presidente social-democrata criticou o Governo de António Costa por estar “sempre com este pendor de propaganda”. “É 'PowerPoint' em cima de 'PowerPoint' e isso, infelizmente, não resolve os problemas das pessoas”, declarou.
Montenegro lembrou que ainda é desconhecida a forma como vai ser operacionalizada a descida do IVA nos bens alimentares e, por isso, considerou não estar garantido que aconteça.
“Em agosto, quando o PSD propôs um vale alimentar […], porque os preços da alimentação estavam a subir exponencialmente, acima da taxa de inflação, fomos apelidados de paternalistas, assistencialistas, o Governo adjetivou de várias formas a nossa proposta. Agora rendeu-se, oito meses depois, a uma ajuda que, na nossa visão inicial, era inevitável”, sustentou.
Na ótica do presidente do PSD, era necessário que o apoio para os bens alimentares “abarcasse mais gente” e que “a insensibilidade deste Governo” também se revela quando milhares de portugueses são excluídos.
Depois de um desempenho orçamental em 2022 “onde cobrou mais de 9.000 milhões de euros do que tinha feito no ano anterior”, Luís Montenegro advogou que o executivo socialista “tinha a obrigação” de ser mais ambicioso e ser mais inclusivo".
“Deixem-me falar como o povo fala: só depois de ter o dinheiro do lado de cá é que se predispõe a compensar”, sustentou.
Montenegro criticou ainda o regozijo do Governo em relação ao défice, que ficou em 0,4% do PIB em 2022.
“[As pessoas] olham para esta festa que o PS faz hoje com o resultado do défice e pensam para com elas: 'Mas eu não como défice, nem é o défice que põe comida na minha mesa. Eu, quando vou abastecer a um posto de combustível, não pago com défice, pago mais impostos do que aqueles que devia pagar'”, concluiu.
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