Estas críticas foram feitas por Paulo Raimundo na sessão de apresentação do compromisso eleitoral do PCP para as legislativas de 18 de maio, depois de interrogado sobre o facto de o líder do executivo, Luís Montenegro, ter anunciado um conjunto de medidas “com um volume superior a dez mil milhões de euros” para responder às tarifas aduaneiras aplicadas pelos Estados Unidos.

“O que assistimos hoje, diria assim, foi a versão Bolhão 2, porque, em particular a intervenção, do primeiro-ministro, foi uma autêntica ação de propaganda”, respondeu o secretário-geral do PCP, numa alusão ao Conselho de Ministros da semana passada, no final do qual os membros do Governo passearam pelo Mercado do Bolhão no Porto.

Para Paulo Raimundo, o Conselho de Ministros de hoje foi “mais uma grande ação de propaganda, que foi para lá inclusive da apreciação da situação em concreto” do país.

Luís Montenegro, segundo o líder do PCP, “até se atreveu fazer campanha eleitoral”.

“Pela minha parte, enquanto via aquilo, estava a pensar quando é que acabava o comício do PSD e vinham as conclusões do Conselho de Ministros. E aquilo que o Governo apresentou é também um bocadinho verbo de encher”, considerou.

De acordo com o secretário-geral do PCP, a atitude do executivo PSD/CDS é de “beija-mão às decisões de Donald Trump”, presidente do Estados Unidos.

“O Governo fez uma contabilização [do impacto das tarifas], pegou nas linhas de crédito, pegou nos seguros, pegou nisto e naquilo, deu uma soma, deu 10 [mil] milhões, podia ter dado oito, podia ter dado 15, mas, por acaso, deu 10 - e quis fazer um brilhante à conta disso. Ficámos melhor? Ficámos exatamente na mesma”, sustentou.

Para Paulo Raimundo, na atual conjuntura, o Governo deveria ter tomado medidas para que o país “volte para aumentar a sua produção nacional”.

“Face à situação atual, é preciso que o país diversifique as suas relações comerciais com o mundo e é preciso aumentar o nosso mercado interno - e a única forma de aumentar o mercado interno é elevar os salários e as pensões”, contrapôs.

Questionado sobre as afirmações proferidas pelo ministro da Economia, Pedro Reis, sobre a evolução orçamental do país, o líder comunista considerou-as

“Sobre a questão do défice, diz que ninguém pode dizer que não vai haver, mas, depois, a seguir, vem dizer que não vai haver. Acho que está respondido. Hoje, aquilo a que assistimos não foi bem a um Conselho de Ministros”, insistiu.