“Esta situação que nós vivemos não é minimamente agradável, a vários níveis, não só pela reputação do país no exterior, como por também, de certa maneira, vai acabar por criar aqui um compasso de espera que o país não precisa, mas que é inevitável de acontecer”, afirmou o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, na Money Conference, organizada pelo Dinheiro Vivo e pela TSF, onde pediu “bom senso”.
Já o presidente do BCP, Miguel Maya, apontou que a demissão de António Costa, por si, não é suficiente para uma degradação da perceção do país junto das agências de notação financeira.
“Mas se o país não for rápido a reagir, não tenho nenhuma dúvida que vai levar a essa degradação. Acho que a forma como nós gerimos os tempos tem muito mais impacto naquilo que pode ser a perceção do risco”.
De igual forma, o líder do BCP enalteceu que o processo que levou à demissão de António Costa “não seria possível num país em que não houvesse independência entre o poder político e o poder judicial”.
O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, defendeu que o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) deveria ser aprovado nos moldes já apresentados e que estão a ser discutidos parlamento, deixando-se para o futuro a possibilidade de um orçamento retificativo.
“Não se deve acrescentar incerteza à incerteza. Não se deve parar a diminuição dos impostos às pessoas não e ter os mecanismos previstos, como o aumento dos salários da função pública”, insistiu Paulo Macedo.
A aprovação do OE2024 foi também defendida pelo presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, ainda que apenas em certos pontos.
“A única coisa que me parece que deveria ser aprovada tem que ver com questões de aumento de pensões e da redução do IRS, que parecem medidas que terão um impacto que não deveriam ser adiadas por mais seis meses”, referiu, perante um contexto geopolítico “já complicado” e numa economia europeia e mundial “que está a abrandar”.
O presidente do Banco Montepio, Pedro Leitão, convergiu na necessidade de uma decisão rápida.
“Qualquer cenário que seja rápido e que seja dentro dos termos da Constituição, será o melhor”, apontou, numa posição também defendida pelo administrador do Novo Banco Carlos Brazão.
“Corroborando um bocadinho com os meus colegas de painel, o que nós precisamos é mesmo de estabilidade. Seja qual for a decisão, é importante ter esta decisão, que esta decisão seja rápida e possa ser aplicada”, referiu na sua intervenção.
Salvaguardando que a banca é “apenas um agente económico, como muitos outros que existem na economia”, o administrador do Novo Banco insistiu que a estabilidade “é necessária” junto das empresas e das famílias.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.
A operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas, sendo que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.
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