"As coisas estão a correr muito bem para nós, estamos a fazer aquilo a que chamo acordos à medida, não de pronto-a-vestir, mas alta-costura", disse o Presidente norte-americano na Casa Branca, numa cerimónia de assinatura de várias ordens executivas para impulsionar a produção de carvão.

"Neste momento, o Japão está a caminho de fechar um acordo, a Coreia do Sul também. E outros", adiantou o Presidente norte-americano, pouco depois de mais um dia de grande volatilidade e perdas nos mercados acionistas norte-americanos.

A Casa Branca confirmou hoje que os Estados Unidos passarão a taxar a 104% as importações chinesas a partir de quarta-feira, cumprindo a ameaça de aumento das tarifas em 50 pontos percentuais.

Numa escalada significativa da guerra comercial iniciada por Washington, Pequim decidiu impor uma taxa de 34% sobre os produtos norte-americanos a partir de quinta-feira.

Apesar de diversos alertas, incluindo da própria Reserva Federal norte-americana, sobre o impacto da taxação punitiva do comércio na inflação e no crescimento económico dos Estados Undos e resto do mundo, na cerimónia dedicada ao carvão Trump vangloriou-se das suas políticas alfandegárias, que qualificou de "libertação" dos Estados Unidos.

Segundo o Presidente norte-americano, quase 70 países já contactaram o seu governo para negociar a retirada das tarifas que começaram a ser aplicadas na semana passada.

Trump disse mesmo que o único problema é que há tantos países interessados em negociar com Washington que a sua equipa não conseguirá "servir tantos tão rapidamente".

Mas, sublinhou, não há pressa, pois os Estados Unidos "já estão a receber dinheiro" graças às tarifas que as empresas têm de pagar na alfândega para importar produtos estrangeiros.

Trump estimou que os cofres norte-americanos estão a encaixar "2 mil milhões de dólares por dia" com estas tarifas.

"É muito dinheiro. E os Estados Unidos vão voltar a ser muito ricos, muito em breve. Vão ver isso", disse.

O Presidente reiterou ainda que alguns países trataram os Estados Unidos "de forma muito injusta" ao longo dos anos, e destacou em particular a China, que "tirou partido" do seu país, "o defraudou" e "o deixou para morrer".

Isto até que Trump regressou ao poder para impor medidas protecionistas.

A 02 de abril, um dia que Trump apelidou de "Dia da Libertação", foi anunciada uma tarifa global de 10% sobre todos os países com quem os Estados Unidos negoceiam, uma medida que entrou em vigor no passado sábado.

Foram também anunciadas tarifas adicionais sobre aqueles que Washington considera os "piores infratores" devido aos seus elevados défices comerciais com os Estados Unidos.

Estas novas taxas, que entrarão em vigor às 00h01, hora de Leste (04h01 GMT) de quarta-feira, 09 de abril, incluem uma de 20% sobre a União Europeia (UE).

Entre os mais afectados por estes impostos adicionais estão várias economias asiáticas altamente dependentes das suas exportações, como o Vietname, que paga agora 46%; Taiwan, com 32%; Índia, com 27%; Coreia do Sul, com 25%; e Japão, com 24%.

Na Casa Branca, Trump assinou ordens executivas com o objetivo de "impulsionar" a extração de carvão nos Estados Unidos, prevendo que deverá "mais do que duplicar" a sua produção de eletricidade, sobretudo para responder ao crescimento da inteligência artificial.

Os textos que ratificou, rodeado de mineiros equipados, visam remover as barreiras regulamentares à extracção de carvão e suspender os encerramentos planeados de numerosas centrais eléctricas a carvão em todo o país.