“Este setor é um produto turístico importantíssimo. Não nos podemos esquecer que os turistas quando vêm a Portugal – e virão de novo, quando acabar esta pandemia, porque vamos continuar no topo das escolhas dos viajantes – não vêm só para dormir, também vêm para a animação turística, que é uma componente essencial da nossa oferta turística. E nós estamos a destruí-la e não vai ser fácil voltar a construir todo este ‘know how’ e toda esta capacidade produtiva quando ela for destruída, vai demorar anos”, avisou a secretária-geral da AHRESP.
Falando durante uma conferência de imprensa para apresentação do “Estudo do Impacto da redução temporária da taxa do IVA no setor da Restauração e Similares”, Ana Jacinto advertiu que, sem o atual portfólio de discotecas e bares que o caracteriza, “o destino Portugal se tornará mais desinteressante e muito menos cativante para quem quer viajar”.
Segundo recordou, “desde a primeira hora” que a associação tem vindo a propor ao Governo medidas específicas para as atividades de animação noturna, “que estão encerradas há oito meses sem qualquer faturação e têm encargos aos quais têm de fazer face todos os dias”.
“Mesmo com o ‘lay-off’, estas empresas têm encargos significativos com salários, com rendas, com as moratórias que estão agora a cair e com o endividamento que, entretanto, foi criado. Portanto, não vão sobreviver se não tiverem um plano específico dedicado a elas”, defendeu a responsável.
Garantindo que a AHRESP “não vai desistir de insistir” para ver apoios específicos à animação noturna contemplados, “se possível, neste orçamento [do Estado para 2021] que está a ser discutido”, Ana Jacinto recorda que “há outros países que consideraram estas atividades como especiais, no sentido de estarem encerradas e, portanto, terem de ser ajudadas”.
“Vamos continuar a trabalhar – como sempre fizemos – de forma responsável e muito próxima do Governo no sentido de encontrar soluções para este setor, sob pena de estarem em causa muitos postos de trabalho e de estas empresas não conseguirem voltar a abrir portas”, afirmou.
De acordo com a secretária-geral da AHRESP, à semelhança do que fez para a restauração, a associação fez para o setor da animação noturna um código de boas práticas, “para permitir a estas empresas reabrirem em segurança”.
“Mas, se o Governo entende que não há condições sanitárias para o fazer, não somos nós que o vamos discutir, porque não estamos habilitados. Acreditamos que existem razões poderosas que levem o Governo a considerar que nem com um código de boas práticas e nem com regras adicionais estes estabelecimentos podem abrir - o que para nós é um bocadinho difícil de explicar aos empresários, porque assistimos todos os dias a festas em qualquer sítio, sem serem controladas, e, do nosso ponto de vista, se tivéssemos espaços onde estas iniciativas se pudessem fazer com controlo, com condições e com regras seria muito mais útil para todos”, referiu.
No entanto, sustenta a associação, se o Governo entende que não há essas condições de reabertura, “tem que compensar este setor”.
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