"Não foi cortando o défice de modo cego que conseguimos mais crescimento e melhor emprego. Pelo contrário, foi a criar empregos e a aumentar rendimentos que baixámos o défice de forma sustentável", defendeu António Costa, na sessão de abertura de uma conferência de alto nível promovida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), no Palácio Foz, em Lisboa.
Na sua intervenção, António Costa procurou apresentar as consequências sociais e económicas da mudança estratégica política operada no país, após a mudança de Governo em novembro de 2015.
O primeiro-ministro salientou então, neste contexto, a ideia de que, no seu Governo, há "consciência de que a precariedade e os baixos salários são problemas profundos do mercado de trabalho português".
"Se hoje temos um país menos desigual e com melhores contas públicas do que em 2015, muito se deve ao contributo dos cerca de 320 mil postos de trabalho criados e à valorização salarial que tem sido alcançada. Em 2016, 80 mil pessoas libertaram-se da pobreza e, entre 2016 e 2017, sabemos que diminuiu o leque salarial, promovendo a igualdade", advogou António Costa.
Ora, esta evolução no emprego, de acordo com António Costa, teve um "impacto nas contas públicas"
"Entre 448 milhões de euros em subsídios de desemprego que poupámos e mais 1600 milhões de euros em contribuições para a Segurança Social, a criação de mais e melhor emprego foi responsável por metade - sim, metade - da redução do défice em 2016 e 2017", acentuou o líder do executivo.
Na sua intervenção, António Costa sustentou a tese de que a competitividade de um país "está sobretudo na qualidade e no valor do que se produz", numa nova crítica ao modelo económico baseado em salários baixos.
No entanto, o primeiro-ministro deixou também um recado às correntes eurocéticas à esquerda do PS.
Sem se referir diretamente ao PCP ou ao Bloco de Esquerda, o primeiro-ministro afirmou: "Como se demonstrou em 2017 - e como se está a demonstrar em 2018 -, a adesão de Portugal ao euro não criou a fatalidade da divergência com a União Europeia".
"Neste dois anos, foi possível pôr termo a quase uma década de divergência, invertendo essa tendência, e por dois anos consecutivos Portugal voltou a crescer acima da média da União Europeia", acrescentou.
[Notícia atualizada às 17:05]
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