"Quando se trabalha num banco, seja ele qual for, são publicados todos os anos nos relatórios [e contas] os rendimentos. E os meus, quem quiser vê-los, basta ir aos do BPI. O que faço com os meus rendimentos e o meu património já é da minha esfera pessoal, não vejo que haja ou houvesse necessidade de regras específicas para a Caixa para controlar a minha vida pessoal", afirmou António Domingues, que está hoje a ser ouvido pelos deputados na Comissão parlamentar de Orçamento e Finanças.
Domingues deixou a presidência da CGD no final de dezembro, depois de um curto mandato, de apenas quatro meses, marcado por várias polémicas, nomeadamente a sua recusa bem como dos administradores que integravam a sua equipa de entregarem as suas declarações de rendimentos e património junto do Tribunal Constitucional.
O estatuto do gestor público, aplicado também à CGD, implica que essas declarações sejam públicas e possam ser consultadas por qualquer cidadão, tendo Domingues pedido ao Governo a alteração dessas regras para presidir ao banco, quando foi convidado em março.
António Domingues falou hoje das razões para ter pedido ao Governo para que não se aplicasse o estatuto de gestor público aos administradores do banco público, referindo precisamente a necessidade que não tivessem de dar a conhecer publicamente os seus rendimentos.
"Eu não acredito que consiga atrair profissionais [para a CGD] com experiência, que fizeram as suas carreiras, que tenham como consequência que os seus patrimónios pessoais sejam publicados nos tabloides", afirmou Domingues.
Já depois de ter apresentado a demissão de presidente da CGD, António Domingues entregou as suas declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional.
Questionado pelos deputados porque o fez, o gestor disse que tomou essa ação depois de ter perguntado à sua equipa se concordava que o fizesse.
"Bastava que um deles objetasse para eu não o fazer, porque eu convidei-os para a minha equipa sob determinadas condições", explicou.
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