De acordo com os números hoje conhecidos, para 2022 a Comissão Europeia reviu em alta a expectativa de crescimento, subindo dos 3,5% apontados em novembro para uma previsão de 4,3%.
O Governo português espera atualmente uma subida do PIB de 5,4% este ano, de acordo com as previsões feitas aquando da apresentação do Orçamento do Estado de 2021 (OE2021), mas o ministro das Finanças já admitiu, na terça-feira, que o Governo terá de "rever significativamente"o cenário macroeconómico, devido aos efeitos da pandemia de covid-19.
As previsões divulgadas hoje pelo executivo da União Europeia (UE) colocam os números portugueses acima dos da zona euro, já que Bruxelas aponta para um crescimento de 3,8% no bloco dos países da moeda única, tanto em 2021 como em 2022.
"Com a introdução de um confinamento mais rigoroso a meio de janeiro de 2021, o PIB deverá cair novamente no primeiro trimestre de 2021, antes de começar a recuperar no segundo trimestre do ano, com uma maior retoma nos meses de verão", pode ler-se na secção dedicada a Portugal das previsões macroeconómicas de inverno hoje divulgadas.
Bruxelas tem "expectativas para uma retoma notável no turismo no verão, particularmente nas viagens intra-UE, e uma recuperação mais gradual posteriormente", apesar de o setor dever permanecer "um pouco abaixo do seu nível pré-crise até ao final do período das previsões".
Quanto ao PIB, "é esperado um regresso completo aos níveis de pré-pandemia perto do final de 2022, mas os riscos permanecem significativos devido à grande dependência do país do turismo externo, que continua a enfrentar incertezas relacionadas com a evolução da pandemia".
A Comissão Europeia ressalva, por outro lado, que as medidas apresentadas no esboço do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) apresentadas em outubro não estão contabilizadas, e representam um impacto positivo de 0,25% no PIB.
"A procura, deprimida, e a esperada subida do sentimento económico, deverão fomentar a recuperação económica. O consumo privado também deverá beneficiar de um mercado de trabalho relativamente resiliente, onde a queda do emprego compara favoravelmente com a do produto, e as transferências sociais públicas providenciam mais apoio ao rendimento", pode ler-se no texto que acompanha as previsões de hoje de Bruxelas.
Os números de hoje, intercalares, apresentam apenas previsões para o PIB e da inflação, e nesse capítulo os preços portugueses deverão aumentar 0,9% em 2021 e 1,2% em 2022, segundo as previsões do Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (HICP).
"O aumento projetado dos preços da energia deverá ser o fator principal da inflação na primeira metade de 2021, seguido de uma subida gradual nos preços dos serviços no terceiro trimestre de 2021", refere a Comissão Europeia.
Quanto ao ano passado, o executivo europeu assinalou que a queda de 7,6% do PIB em 2020 se deveu ao impacto da pandemia de covid-19, "com um impacto particularmente forte no grande setor da hospitalidade no país".
Assim, "as exportações de serviços e investimento em equipamento registaram as maiores quedas em 2020, mas o consumo privado também caiu significativamente, no meio de um aumento das poupanças".
"Por outro lado, o investimento na construção continuou a crescer, ajudado pelo ciclo de projetos financiados pela UE. Depois do choque inicial, a indústria transformadora também esteve relativamente bem, recuperando para perto de níveis pré-crise", assinala Bruxelas no relatório de hoje.
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